Mundo

Narges Mohammadi, ativista da luta por direitos da mulher no Irã, ganha o Prêmio Nobel da Paz

Estudante de física foi presa 13 vezes pelas forças iranianas e condenada a uma pena total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas

Narges Mohammadi foi presa 13 vezes pelas forças iranianas e condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão e a 154 chicotadas (Morteza Nikoubazl/Getty Images)

Narges Mohammadi foi presa 13 vezes pelas forças iranianas e condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão e a 154 chicotadas (Morteza Nikoubazl/Getty Images)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 6 de outubro de 2023 às 06h57.

O Prêmio Nobel da Paz 2023 foi concedido nesta sexta-feira a Narges Mohammadi "pela sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos", disse a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen, em Oslo.

Berit Reiss-Andersen destacou que a luta da ativista gerou a ela "enormes custos pessoais". Narges Mohammadi foi presa 13 vezes pelas forças iranianas e condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão e a 154 chicotadas. Ela permanece sob custódia.

Com a láurea a Narges Mohammadi, o Prêmio Nobel deste ano também "reconhece as centenas de milhares de pessoas que se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático contra as mulheres", de acordo com o instituto. Em nota, a família da ativista destacou que o prêmio marca "um momento histórico para a luta do Irã pela liberdade".

Quem é Narges Mohammadi?

Mohammadi passou a se engajar na defesa da igualdade e dos direitos das mulheres quando ainda era uma jovem estudante de Física. Ela foi presa pela primeira vez em 2011 e condenada à prisão por tentar ajudar ativistas que estavam encarcerados e seus parentes.

Na ocasião, foi solta após pagar fiança. Na sequência, engajou-se na campanha contra a aplicação da pena de morte. A atuação lhe gerou uma nova condenação à prisão, em 2015.

Narges Mohammadi era uma das mais cotadas para levar o prêmio. Jornalista, é uma das principais vozes em campanha pelos direitos das mulheres no Irã. Atualmente, ela cumpre um longa pena por acusações que incluem divulgar “propaganda contra o Estado”. Mohammadi é também vice-presidente do Centro de Defensores dos Direitos Humanos, presidido pela ganhadora do Nobel da Paz de 2003, Shirin Ebadi.

A decisão do Comitê do Nobel vem depois de um ano de protestos no país liderados por mulheres e desencadeados a partir da morte de Mahsa Amini, um jovem de 22 anos que morreu sob custódia da polícia moral do Irã. Mulheres iranianas saíram às ruas e atearam fogo às vestes islâmicas que cobriam as suas cabeças, aos cantos de "mulheres, vida, liberdade".

Espalhadas pelo país e com bandeiras que iam de mais liberdade à derrubada do regime, as manifestações foram duramente reprimidas pelas forças de Teerã

Acompanhe tudo sobre:NobelPrêmio Nobel

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'