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"Não vão voltar mais", diz esposa de tripulante de submarino

Da mesma forma que as famílias de outros tripulantes, Jessica Gopar estava na Base Naval de Mar del Plata, onde no domingo o submarino deveria ter chegado

Submarino: "Não resta um santo para o qual rezar e nem ninguém para pedir" (Marcos Brindicci/Reuters)

Submarino: "Não resta um santo para o qual rezar e nem ninguém para pedir" (Marcos Brindicci/Reuters)

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EFE

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 16h20.

Buenos Aires - A esposa de um dos 44 tripulantes do submarino argentino desaparecido há oito dias disse nesta quinta-feira, após ser informada sobre uma explosão perto do local de último contato com o submarino, que embora aguarde notícias com "esperança", os marujos "não vão voltar nunca mais".

"Não resta um santo para o qual rezar e nem ninguém para pedir. Não sei se há um destino marcado para cada um. Há gente que não acredita nisso. Eles não voltaram e não vão voltar nunca mais", ressaltou à imprensa Jessica Gopar, esposa do tripulante Fernando Gabriel Santilli.

Da mesma forma que as famílias de outros tripulantes, Jessica estava na Base Naval de Mar del Plata, onde no domingo o submarino deveria ter chegado após realizar uma longa viagem pelo Atlântico.

A Marinha comunicou hoje que registrou um "evento anormal singular curto, violento e não nuclear consistente como uma explosão" na zona na qual o submarino argentino desapareceu.

"Eu cheguei (à base) por acaso para deixar o cartaz (com uma mensagem de esperança) porque tinha me negado a vir pela angústia. E quando chegamos e alguém fez assim com a cabeça (negando), pronto, o primeiro que disse 'morreram todos'", ressaltou a mulher, que esclareceu que "tinha um mau agouro" e que hoje foi confirmado.

Autoridades militares pediram hoje "prudência" e que as pessoas não se aventurem a opinar o que poderia ter acontecido com os tripulantes "até ter certeza ou outros indícios", já que as buscas pelo submarino irão continuar, contando com o auxílio de 13 países.

"Não sei se seus corpos voltarão, e isso é o que mais me dói porque não vou poder levar uma flor ou tê-lo em casa se pensava fazer outra coisa", acrescentou Jessica, mãe de um criança que completou há poucos dias um ano, algo que seu pai não pôde acompanhar.

No entanto, lembrou que a última vez em que se viram disseram que se veriam "em breve" e festejariam o aniversário do menino.

Crítica com as autoridades da Marinha pela "falta de informação", a mulher se mostrou agradecida a todos os países que estão colaborando na busca ao submarino.

"Neste momento esquecemos que a Inglaterra teve um conflito com a Argentina com as Malvinas. Vieram de todos os lados e agradeço de coração ", ressaltou.

"Isso me dá confiança, porém o mar é traiçoeiro e não se sabe o que pode ter acontecido", disse.

O submarino ARA San Juan partiu na segunda-feira (13 de novembro) do porto de Ushuaia e dirigia-se de volta à sua base, em Mar del Plata, na província de Buenos Aires.

A viagem, com 44 submarinistas profissionais da Marinha, tinha como finalidade participar de um adestramento integrado com a frota de mar e as aeronaves da dotação naval.

Apesar de ter vasta experiência em navios e outros submarinos, esta era a primeira vez de Santilli na ARA San Juan.

"Acabo de perder meu marido e necessito conter meu filho", concluiu Jessica, que acredita que "todas as mulheres e filhos que ficaram sem seus companheiros e pais" possam se unir para fazer "justiça".

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