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Não será surpresa se próximo papa for da África ou da Ásia, diz Cardeal Odilo Scherer

Arcebispo de São Paulo afirmou que o colégio de cardeais passou por transformações nas últimas décadas, tornando-se mais internacional; ele celebrou missa em homenagem ao Papa Francisco na Catedral da Sé nesta segunda-feira

Dom Odilo: "preocupação na escolha do papa, com toda a certeza, não é se ele é progressista ou conservador" (Miguel Schincariol/AFP Photo)

Dom Odilo: "preocupação na escolha do papa, com toda a certeza, não é se ele é progressista ou conservador" (Miguel Schincariol/AFP Photo)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de abril de 2025 às 14h23.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, afirmou nesta segunda-feira, 21, que não será uma surpresa se o próximo conclave, a ser convocado para escolher o substituto do Papa Francisco, aponte um representante da África ou da Ásia.

"Ninguém deveria se surpreender se fosse escolhido um cardeal africano ou um cardeal asiático para ser o próximo papa. Está entre as possibilidades e se isso acontecer não quer dizer que a Igreja voltou-se só para a África ou para a Ásia, ou que virou as costas para a América. Qualquer um que for escolhido receberá o cuidado da Igreja como um todo", afirmou Dom Odilo, durante entrevista na Catedral da Sé, antes de celebrar uma missa em homenagem ao Papa Francisco, morto nesta segunda-feira.

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O arcebispo de São Paulo destacou ainda que o colégio de cardeais passou por transformações nas últimas décadas, tornando-se mais internacional. Segundo ele, representantes de países de continentes como América e Ásia ganharam mais espaço dentro de um grupo que, até os anos 60, tinha um predomínio europeu.

Para Dom Odilo, no entanto, a escolha de um novo pontífice é uma “celebração”, e não uma disputa política. Ao comentar sobre o perfil desejável para o substituto de Francisco, o arcebispo de São Paulo afirmou que nenhum sacerdote é igual a outro, e que o importante é a comunhão com o evangelho.

"Ninguém espere que (o próximo Papa) seja um ’Francisco II’. Pode até ter esse nome, mas não será a imagem e a semelhança de Francisco. Será um novo Papa, que naturalmente vai cuidar da Igreja, vai seguir a linha do anúncio dos ensinamentos da Igreja, das posições da Igreja. Ninguém espere um Papa a favor da guerra, que não cuide dos pobres. O próximo Papa vai governar a Igreja com seu jeito, seu caráter e sua personalidade", declarou.

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Questionado se seria melhor um novo Papa mais progressista, como Francisco era classificado, ou mais conservador, o arcebispo classificou essa como uma preocupação externa, e não da Igreja.

"A preocupação na escolha do papa, com toda a certeza, não é se ele é progressista ou conservador, essa é uma preocupação externa. A Igreja tem base no evangelho, que é tanto progressista quanto conservador. A opção pelos pobres, a atenção à justiça social, os cuidados aos imigrantes, a preocupação com a paz no mundo, essas são questões progressistas ou conservadoras? São posturas do evangelho. Se alguém quiser enquadrar isso como progressista ou conservador, isso é pela conta de quem o faz", pontuou.

O conclave para a escolha do novo papa ainda não tem data definida. Os detalhes da reunião devem ser divulgados em breve.

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