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Não precisamos que "o império" nos presenteie, diz Fidel

O antigo líder cubano, de 89 anos e retirado do poder em 2006, analisa em sua "reflexão" o discurso que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama


	Fidel Castro: "Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo"
 (Roberto Chile/AFP)

Fidel Castro: "Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo" (Roberto Chile/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2016 às 08h15.

Havana - O ex-presidente cubano Fidel Castro afirmou nesta segunda-feira que Cuba não necessita que "o império" lhe presenteie com nada e que o povo deste "nobre e abnegado país" não renunciará "à glória, aos direitos e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura".

"Não necessitamos que o império nos presenteie com nada. Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta", precisou Castro em artigo publicado nesta segunda-feira nos veículos de imprensa oficiais da ilha intitulado "Irmão Obama".

O antigo líder cubano, de 89 anos e retirado do poder em 2006, analisa em sua "reflexão" o discurso que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ofereceu na terça-feira passada ao povo cubano durante sua visita à ilha, a primeira de um líder americano à Cuba revolucionária.

"Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo", ressaltou o líder da Revolução cubana em sua primeira reação à visita de Obama a Cuba.

O artigo do ex-presidente, entre os conhecidos como "reflexões de Fidel", datado às 22h27 de 27 de março, foi divulgado nesta manhã nos meios de comunicação oficiais da ilha e nele debulha aspectos das palavras de Obama na terça-feira desde o Grande Teatro de Havana.

Sobre as declarações de Obama a favor de "esquecer o passado e olhar para o futuro", Fidel Castro considera que utilizou as "palavras mais açucaradas" e afirma que os cubanos correram "o risco de um infarto" ao escutar o presidente dos Estados Unidos falar de cubanos e americanos como "amigos, família e vizinhos".

"Após um bloqueio impiedoso que durou quase 60 anos e diante dos que morreram nos ataques mercenários a embarcações e portos cubanos, além de invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?", questiona Fidel.

Segundo ele, "um dilúvio de conceitos inteiramente inovadores" entraram na mente dos cubanos que o escutavam quando este afirmou que sua visita a Cuba tinha o propósito deixar para trás a Guerra Fria nas Américas e de estender uma "mão de amizade" ao povo cubano.

Castro lembra a Invasão de Baía dos Porcos, quando em 1961 "uma força mercenária com canhões e infantaria blindada, equipada com aviões, foi treinada e acompanhada por navios de guerra e porta-aviões dos Estados Unidos, atacando de surpresa nosso país".

"Nada poderá justificar aquele ataque que custou a nosso país centenas de baixas entre mortos e feridos", rememora Fidel Castro, sobre aquele acontecimento que aprofundou a divisão entre EUA e a Cuba Revolucionária.

Fidel Castro também criticou que nas a declarações de Obama sobre a origem mestiça tanto de Cuba como dos EUA, não mencionou que "a discriminação racial foi varrida pela Revolução", que aprovou "a aposentadoria e o salário de todos os cubanos" antes que do presidente americano "completar dez anos".

"O odiosa costume burguês e racista de contratar aguazís para que os cidadãos negros fossem expulsos de centros de recriação foi varrida pela Revolução Cubana", afirma Castro, que lembrou que a solidariedade cubana também livrou essa luta contra o racismo em Angola e outros povos da África.

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