Mundo

'Não me mate' foram as primeiras palavras de Gbagbo ao ser detido

Gbagbo havia se entrincheirado em sua residência da capital econômica do país

Laurent Gbagbo no Hotel Golf, "sede" das forças de Ouattara, após ser capturado (AFP)

Laurent Gbagbo no Hotel Golf, "sede" das forças de Ouattara, após ser capturado (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2011 às 06h23.

Abdjian- "Não me mate!" Estas foram as primeiras palavras pronunciadas, segundo uma testemunha, pelo ex-presidente marfinense Laurent Gbagbo quando seus captores entraram nesta segunda-feira à noite em sua residência em Abidjan, colocando um humilhante ponto final a uma década de governo.

"Havia minas por todas as partes no pátio" da imponente propriedade, explicou à AFP um membro das Forças Republicanas (FRCI), de seu rival Alassane Ouattara.

Há uma semana e diante da ofensiva das FRCI, apoiada por ataques aéreos da ONU e da França, Gbagbo havia se entrincheirado em sua residência da capital econômica do país.

"Temos soldados que ficaram feridos ao andar sob as minas que foram instaladas no pátio", acrescentou o combatente.

"Lançamos bombas de gás lacrimogêneo em casa e depois o comandante Vetcho (um dos chefes militares da FRCI) entrou".

"Quando se encontrava diante de Gbagbo, em frente ao seu gabinete, a primeira frase que Gbagbo disse foi: 'Não me mate!'", contou.

"Puseram (em Gbagbo) um colete à prova de balas e depois o comandante Vetcho, o comandante Wattao, Chérif Ousmane, Morou Ouattara (outros três chefes da FRCI) formaram um escudo para protegê-lo, porque alguns dos nossos queriam acabar com ele imediatamente".

"Colocamo-no em um 4x4 de Wattao, atrás, e o levamos diretamente" ao Golf Hotel, quartel-general do campo Ouattara no mesmo bairro de Cocody (norte), fazendo-o entrar discretamento no hotel, disse esta testemunha.

Estava protegido por membros de segurança das FRCI e por gendarmes da ONU", disse outra testemunha.

"Vi (sua esposa) Simone chegar ao hall, usava um vestido longo. Os membros da segurança das FRCI tentavam protegê-la das pessoas que queriam agredi-la. Apesar disso, alguns conseguiram, ao que parece, dar alguns golpes, puxar seus cabelos. Escutávamos as pessoas xingando-a, gritando 'bruxa, macaco, esquadrão da morte'", acrescentou.

Segundo o combatente pró-Ouattara, "as pessoas arrancaram seu lenço, rasgando, dizendo que iam guardá-lo de recordação".

O ex-homem forte do país e sua esposa foram levados para uma suíte e seus familiares para outros quartos, explicou. "Há soldados da ONU e das FRCI para tranquilizar a todos".

A rede de televisão TCI, símbolo do campo Ouattara, transmitia de forma ininterrupta nesta segunda-feira à noite as imagens quase históricas, reflexo de uma catarse para uma boa metade do país: as de um Laurent Gbagbo fora de combate em seu quarto, sentado sobre uma cama.

As fotografias tiradas deste momento mostram, do outro lado da cama, sua esposa prostrada e com os olhos fechados. Esta fervorosa cristã evangélica parecia estar imersa em suas orações.

Após a queda, o ex-número um marfinense passa a ser um sexagenário esgotado e barrigudo, suado, rodeado pelas FRCI, por seu filho Michel (nascido de um primeiro casamento com uma francesa) e que também acaba de escapar a um linchamento, pelo ministro do Interior de Ouattara, Hamed Bakayoko, e por Wattao.

Uma última humilhação: um dos homens o ajuda a tirar a camisa, seu filho lhe dá uma toalha branca com a qual seca o rosto e as axilas e o ajudam a colocar outra camisa.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaDitaduraPolítica

Mais de Mundo

Trump escolhe bilionário Scott Bessent para secretário do Tesouro

Partiu, Europa: qual é o país mais barato para visitar no continente

Sem escala 6x1: os países onde as pessoas trabalham apenas 4 dias por semana

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô