. (Athit Perawongmetha/Reuters)
Reuters
Publicado em 25 de dezembro de 2019 às 15h00.
Última atualização em 25 de dezembro de 2019 às 16h00.
Manifestantes contrários ao governo de Hong Kong realizaram uma passeata nesta quarta-feira de Natal em meio a lojas decoradas para o Natal, entoando gritos de ordem e fazendo com que um shopping fosse fechado mais cedo, depois que a polícia atirou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Os protestos ficaram mais violentos durante as festas de fim de ano, mesmo que este mês tenha sido mais pacífico depois que candidatos pró-democracia venceram com facilidade as eleições para o conselho distrital.
O governo de Hong Kong, alinhado a Pequim, não fez concessões aos manifestantes, mesmo reconhecendo a derrota nas eleições de novembro.
"Confrontos são esperados. Não importa que seja Natal", disse Chan, um jovem de 28 anos que era parte de uma multidão que trocava insultos com a polícia do lado de fora de um shopping center no distrito de Mong Kok. "Estou decepcionado pelo fato de o governo não ter atendido a nenhuma das nossas demandas. Continuamos nas ruas, mesmo sem muita esperança."
Não houve grandes confrontos, mas quando pessoas começaram a xingar os impopulares policiais, estes responderam atirando gás lacrimogêneo em Mong Kok, uma área popular de manifestações. A polícia afirmou que a resposta aos protestos foi restrita.
A polícia também prendeu várias pessoas em um shopping no bairro de Sha Tin depois de atirar spray de pimenta nelas. O centro comercial teve que fechar mais cedo, mas os demais permaneceram abertos.
A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse nesta quarta-feira no Facebook que muitos membros do público e turistas ficaram decepcionados porque suas comemorações da véspera de Natal foram prejudicadas, depois de confrontos entre as duas partes na terça-feira.
"Esses atos ilegais não apenas estragaram o clima de festa, como também afetaram as lojas locais", disse.
A Autoridade Hospitalar disse que 25 pessoas ficaram feridas durante a noite, incluindo um homem que caiu do segundo piso de um shopping ao tentar escapar da polícia.
O banco HSBC foi alvo de críticas nesta semana depois de a polícia ter agido para prejudicar uma plataforma de "crowdfunding" que ajudava a financiar os manifestantes. A empresa negou envolvimento nessa ação e no fechamento de uma conta bancária ligada ao grupo, mas ainda é alvo dos protestos.
A rede de cafeterias Starbucks também concentrou a ira dos manifestantes, depois de a filha do fundador da empresa que detém as franquias locais ter condenado publicamente os protestos.
Os atos começaram há mais de seis meses, contra um projeto de lei agora retirado de pauta e que previa extradições de Hong Kong para a China controlada pelo Partido Comunista. Desde então, transformaram-se em um movimento pró-democracia, com críticas à intromissão de Pequim nas liberdades prometidas aos cidadãos desde que o local deixou o domínio britânico para ser parte chinesa em 1997.
O governo chinês nega interferência e diz que está comprometido com o método "um país, dois sistemas" acordado na época.