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Não há medicamento ou terapia comprovados contra coronavírus, afirma OMS

Segundo a organização, alguns remédios podem ser úteis, mas ainda não está estabelecido exatamente em que quantidades e para quais casos podem ser usados

Sistema de saúde: a OMS também está preocupada com a sobrecarga nos hospitais neste momento (NurPhoto/Getty Images)

Sistema de saúde: a OMS também está preocupada com a sobrecarga nos hospitais neste momento (NurPhoto/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de março de 2020 às 13h29.

O comando da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira (30) que não há medicamento ou terapia já comprovados contra a covid-19. Em entrevista coletiva, autoridades da entidade lembraram que há estudos preliminares apontando que alguns remédios podem ser úteis contra o novo vírus, mas ressaltaram que ainda não está estabelecido exatamente em que quantidades, para quais casos específicos e em que contextos eles podem ser utilizados.

A OMS defendeu a importância de que esses estudos continuem, mas lembrou que não há ainda uma resposta padronizada para a covid-19 já avalizada. Segundo a entidade, alguns países podem permitir o chamado "uso por compaixão" de remédios não totalmente testados para casos individuais, mas defendeu que não se encoraje o uso disseminado de medicamentos ainda não comprovados.

Algumas autoridades, como o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm mencionado a cloroquina como um possível remédio para a doença.

 

A máscara, por sua vez, não é recomendada para uso cotidiano para todos, mas apenas para pessoas com sintomas da doença, reafirmou a OMS. "As máscaras são mais úteis para os trabalhadores (de saúde) na linha de frente", lembrou a entidade alertando para a importância de que isso seja garantido.

Além disso, a OMS insistiu na importância da realização de testes para mapear o problema e isolar os casos confirmados. "O isolamento não precisa ser em um hospital", lembrou o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, que citou que em alguns países isso poderia ocorrer, por exemplo, em centros comunitários.

Sistemas de saúde em crise

A OMS também alertou para o fato de que a pandemia tem pressionado os sistemas de saúde em muitos países. Ghebreyesus afirmou que surtos anteriores de doenças nos mostram que, quando os sistemas de saúde estão assoberbados, "as mortes que poderiam ser prevenidas por vacinas ou tratamentos aumentam dramaticamente".

Nesse contexto, a OMS informou que publica nesta semana um relatório para orientar países a conseguir lidar com os impactos da pandemia, sem abrir mão dos demais serviços no setor. Ghebreyesus também comentou que falou mais cedo em teleconferência com ministros de Comércio do G-20, insistindo na importância de que seja garantida a logística de transporte de itens médicos para lidar com a situação. "É preciso manter a livre movimentação de produtos de saúde essenciais", insistiu Ghebreyesus.

No contexto de combate à pandemia, a OMS afirmou que medidas de restrição à circulação de pessoas "são difíceis, mas a alternativa é pior", já que a livre movimentação acelera o número de novos casos, pressionando os sistemas de saúde. O comando da entidade lembrou que essas restrições podem fazer autoridades ganharem tempo para a resposta ao problema.

Ao mesmo tempo, notou que, no quadro atual de restrições em vários países, a maioria dos novos casos acontece dentro das casas das pessoas, por isso a importância de se continuar a buscar esses casos para isolá-los e reduzir a disseminação da doença.

Ao mesmo tempo, Ghebreyesus lembrou que muitas pessoas, inclusive em países ricos, dependem de seu trabalho diário para conseguir comprar sua comida. Ele afirmou que os governos precisam levar esse contexto em conta, na hora de elaborar suas políticas. "Temos de ver não apenas o impacto no PIB, mas na vida dos indivíduos", ressaltou. Vários países têm adotado medidas fiscais para se contrapor à piora econômica, por exemplo prometendo pagamentos diretos aos trabalhadores mais afetados e concedendo empréstimos a empresas.

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