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'Não existe mais um dólar oficial; apenas o dólar de mercado', afirma Milei

Em entrevista à rádio 'El Observador', presidente argentino destacou a suspensão dos controles cambiais. País já teve mais de uma dezena de câmbios diferentes

Javier Milei: presidente da Argentina enfrenta grandes desafios diante da inflação e pobreza no país (Luis ROBAYO /AFP)

Javier Milei: presidente da Argentina enfrenta grandes desafios diante da inflação e pobreza no país (Luis ROBAYO /AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 14 de abril de 2025 às 14h01.

Última atualização em 14 de abril de 2025 às 14h01.

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O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou, em entrevista à rádio 'El Observador', que não existe mais um dólar oficial a partir desta segunda-feira, quando foram removidos os controles cambiais no país e a moeda americana passou a flutuar num banda entre 1.000 a 1.400 pesos.

"O dólar oficial não existe mais; há um único dólar, o dólar de mercado", disse Milei, que reclamou que o governo recebeu ataques especulativos de que a moeda americana chegaria a 3.000 pesos.

A Argentina ficou conhecida pelo grande número de cotações de dólar. Além do dólar oficial e do paralelo — também chamado de dólar blue e que podia ser comprado livremente nas chamadas cuevas — o país tinha mais de uma dezena de câmbios diferentes, criados com o objetivo de preservar suas reservas nacionais.

Chegou a ter o dólar Coldplay, para pagamento de artistas internacionais que faziam shows no país, e até o dólar Netflix, para pagamento de serviços de streaming. O objetivo de Milei é acabar com todas essas variações e ter um câmbio único.

Na manhã desta segunda-feira, no grande teste do fim dos controles cambiais, o peso registrou forte desvalorização e os títulos soberanos da Argentina subiam.

A mudança nas restrições cambiais, que estavam em vigor no país desde 2019, é uma contrapartida para um novo acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um desembolso de US$ 20 bilhões.

'Corrente rompida'

Na entrevista, concedida nesta manhã, o presidente argentino ressaltou que a suspensão dos controles cambiais quebrou ''mais uma corrente" que levava à liberdade.

Milei também observou que, durante o governo de Mauricio Macri, ''eles deixaram de pagar a dívida em pesos" e que "o kirchnerismo transformou os controles cambiais em brincadeira de criança":

"Hoje é um dia muito importante porque somos mais livres. Quebramos outra corrente, a mais pesada e difícil: a armadilha que foi imposta no fim do governo Macri com Hernán Lacunza (então ministro da Economia de Macri), gerando um câmbio monstruoso que também deu calote na dívida em pesos. Sob o pretexto de reescalonamento, Lacunza e Macri deram calote na dívida em pesos, e o kirchnerismo transformou essa armadilha em uma brincadeira de criança, como Alcatraz", afirmou em entrevista à rádio.

Os pontos-chave do acordo com o FMI

  • Reforma tributária - O governo se comprometeu a apresentar ao FMI, em dezembro, proposta para reduzir a quantidade de tributos e eliminar distorções.
  • Mudanças na lei trabalhista - O FMI afirma que são esperadas flexibilizações para negociação salarial e simplificação na demissão.
  • Previdência - O Executivo planeja levar ao Congresso, em dezembro de 2026, uma revisão das regras de aposentadorias.
  • Subsídios à energia - O documento propõe o fim da segmentação por poder aquisitivo, mantendo apenas “subsídio energético único” para famílias de baixa renda.
  • Gasto social - O governo concluirá, em dezembro, um Sistema de Indicadores Sociais para unificar os dados e “melhorar a focalização e eficiência” dos programas.
  • Fim do “cepo cambiario” - A partir de hoje, acabam as restrições para compra de dólares por pessoas físicas. Mas o imposto de 30% sobre o dólar cartão continua.
  • Acúmulo de reservas - O governo projeta acumular US$ 4 bilhões este ano e chegar a US$ 19 bilhões em 2029. Hoje, as reservas do BCRA são negativas em US$ 5,6 bilhões.
  • Privatizações - Até novembro, país terá “rota” de privatizações.
    Lei de Ética Pública - Governo se propõe a atualizar lei de 1999.
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