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'Não estão reunidas as condições para assinar um acordo' Mercosul-UE, afirma chanceler argentino

Santiago Cafiero frustrou as expectativas levantadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Santiago Cafiero: "as negociações continuarão e há muito trabalho realizado, mas não estão reunidas as condições para assinar o acordo" (AFP/AFP Photo)

Santiago Cafiero: "as negociações continuarão e há muito trabalho realizado, mas não estão reunidas as condições para assinar o acordo" (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 3 de dezembro de 2023 às 16h23.

O chanceler em fim de mandato na Argentina, Santiago Cafiero, afirmou em entrevista a um jornal argentino que seu país não assinará esta semana o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Em declarações ao jornal La Nación publicadas neste domingo, 3, Cafiero, que deixará seu cargo em 10 de dezembro quando Alberto Fernández ceder o poder ao ultraliberal Javier Milei, frustrou as expectativas levantadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu colega uruguaio Luis Lacalle Pou, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de assinar o acordo na cúpula do Mercosul em 6 de dezembro no Rio de Janeiro.

"As negociações continuarão e há muito trabalho realizado, mas não estão reunidas as condições para assinar o acordo", disse Cafiero sobre o pacto negociado, entre pausas, há mais de 20 anos.

O tratado, com negociações concluídas em 2019 seguidas por novas divergências entre as partes, "tem um impacto negativo na indústria do Mercosul, sem reportar benefícios para as suas exportações agrícolas, que são limitadas por cotas muito restritivas e sujeitas a regulamentações ambientais unilaterais que as expõem a vulnerabilidades futuras", explicou Cafiero.

Na sexta-feira, Lula afirmou na rede social X que Mercosul e União Europeia estavam perto de fechar o acordo.

Novas regras ambientais adotadas pela UE em 2019 supõem "maiores custos e restrições para as exportações do Mercosul de alimentos e outros produtos", afirmou Cafiero, e se tornaram um obstáculo às negociações, em meio a fortes críticas do Brasil.

O Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) rejeitou o "protecionismo verde" e respondeu com exigências próprias, como a criação de um fundo ambiental para apoiar os países em desenvolvimento.

Dois baldes de água fria

Na sexta-feira, Lula se reuniu em paralelo à COP28 com Von der Leyen e o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, encarregado da presidência do bloco europeu.

Lula e Von der Leyen concordaram que houve avanços significativos nas reuniões entre as equipes técnicas de ambos os lados nos últimos dias, informou a Palácio do Planalto em nota.

"A UE está comprometida em fechar esse acordo", afirmou Von der Leyen no X, junto a uma foto com Lula, a quem prometeu apoio.

Na mesma rede Sánchez celebrou a reunião "para dar impulso político ao acordo", que será um passo "histórico".

O uruguaio Lacalle Pou disse que esperava "boas notícias" sobre o tema no Rio de Janeiro.

As declarações de Cafiero, que refletem uma posição que a Argentina defende há anos, surgem depois de o presidente francês, Emmanuel Macron, também balançar o clima de otimismo no sábado.

Macron, que se encontrou com Lula em Dubai, anunciou que viajará ao Brasil em março, justamente para discutir o acordo UE-Mercosul, que questionou em sua forma atual.

Este acordo é "completamente contraditório" com o que o presidente Lula "está fazendo no Brasil", afirmou o francês. O pacto "não considera a biodiversidade e o clima" e se reduz a um acordo "mal emendado", alegou.

"Cada país tem o direito de ter uma posição. Acho que é o direito dele ser contra. A França sempre foi um país mais duro para fazer acordo porque a França é mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia", disse Lula no sábado a jornalistas em Dubai. O Brasil exerce a presidência rotativa do Mercosul.

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