Mundo

'Não é preciso esperar nova guerra mundial para mudar ordem internacional', diz Lula no G20

Presidente voltou a defender taxação de super-ricos como saída para combater desigualdade

Presidente abriu a segunda sessão da Cúpula de Líderes do G20, no Rio (Wagner Meier/Getty Images)

Presidente abriu a segunda sessão da Cúpula de Líderes do G20, no Rio (Wagner Meier/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 18h53.

Tudo sobreG20
Saiba mais

Rio de Janeiro - O presidente Lula fez críticas aos organismos internacionais e pediu uma reforma de entidades como a ONU e o FMI em seu segundo discurso na reunião de cúpula do G20, nesta segunda-feira, 18.

"A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo. Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita", discursou o presidente no encontro, que começou por volta das 16h30. Houve duas horas de atraso em relação ao plano original.

A segunda sessão da reunião de cúpula do G20 debate a reforma do sistema internacional e de instituições como a Organização das Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional, que foram criadas no fim dos anos 1940, após a Segunda Guerra Mundial, para evitar novos conflitos e reduzir a desigualdade entre os países.

Para Lula, o modelo não deu certo.

"A globalização neoliberal fracassou. Em meio a crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo em disputas hegemônicas. Permanecemos à deriva, arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia. Mas o confronto não é uma fatalidade. Negar isso é abrir mão da nossa responsabilidade" , disse o presidente.

"É urgente rever regras e políticas financeiras que afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento. O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação", afirmou.

Lula criticou ainda as ações adotadas após a crise financeira de 2008. "Escolheu-se ajudar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de países em desenvolvimento. O mundo voltou a crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados. Não é surpresa que a desigualdade fomente o ódio, extremismo e violência, nem que a democracia esteja sob ameaça", afirmou.

Taxação aos ricos

Lula citou estimativas feitas pela trilha financeira do G20, de que a taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar US$ 250 bilhões por ano ano para serem investidos no combate à desigualdade e ao financiamento da transição ecológica.

O presidente defendeu também a convocação de uma conferência de revisão da Carta da ONU, proposta pelo Brasil. Ele lembrou que apenas 51 dos 193 membros da ONU participaram de sua fundação.

O líder brasileiro ainda defendeu que sejam construídas regras para a inteligência artificial, que
"maximize oportunidades e mitigue os riscos.

Pela manhã, o Brasil lançou uma aliança global contra a fome e a pobreza, que já conta com a adesão de 82 países. Em seguida, houve uma "foto de família" com os líderes que estiveram presentes na reunião. O presidente dos EUA, Joe Biden, chegou atrasado e ficou de fora, assim como os líderes do Canadá, Justin Trudeau, e da
Itália, Giorgia Meloni.

A reunião de cúpula do G20 termina nesta terça, 19, quando haverá a terceira e última sessão, sobre mudanças climáticas e transição energética. Depois disso, haverá a transferência simbólica da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul e a divulgação da declaração final do encontro.

Acompanhe tudo sobre:G20Luiz Inácio Lula da Silva

Mais de Mundo

Ladrões roubam Castelo de Windsor enquanto Príncipe William e família dormiam

Argentina volta atrás e adere à Aliança Global contra a Fome lançada por Lula no G20

China e Brasil fortalecem parcerias em e-commerce e cidades inteligentes

Trump prevê declarar estado de emergência nacional para deportar migrantes