O premiê Naoto Kan defendeu, assim como na cerimônia que lembrou o bombardeio atômico de Hiroshima, a redução da dependência japonesa com a energia nuclear (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2011 às 06h54.
Tóquio - Nagasaki lembra nesta terça-feira o 66º aniversário do bombardeio atômico que matou mais de 100 mil pessoas, com uma chamada em favor da energia renovável em lugar da nuclear e a participação, pela primeira vez, de um representante dos Estados Unidos na cerimônia.
Às 11h locais (23h02 de segunda-feira pelo horário de Brasília), o exato momento em que a bomba "Fat Man" explodiu sobre Nagasaki, os sinos lembraram no Parque da Paz as vítimas do segundo ataque nuclear da História, que matou de forma instantânea cerca de 70 mil pessoas.
Além do encarregado de negócios da embaixada americana no Japão, James P. Zumwalt, assistiram à cerimônia o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, e representantes de outros 45 países.
O prefeito de Nagasaki, Tomihisa Taue, se referiu durante sua Declaração pela Paz ao acidente na usina nuclear de Fukushima e manifestou sua incredulidade de ter acontecido em um país cujo compromisso é o de "não mais hibakusha" (como são conhecidas no Japão as vítimas da bomba atômica).
"Não importa quanto tempo leve, é necessário promover o desenvolvimento das energias renováveis em lugar da energia nuclear para nos tornamos uma sociedade com uma base energética mais segura", disse Taue, à sombra da famosa estátua pela paz esculpida por Seibou Kitamura.
O prefeito também pediu aos países possuidores de armas atômicas o fim da proliferação nuclear e exortou o Governo japonês a se esforçar para promover este objetivo e aplicar medidas de alívio com relação à realidade dos sobreviventes da bomba atômica, muitos deles idosos.
O número de sobreviventes da bomba atômica reconhecidos oficialmente pela cidade era em março passado de 40.908, com uma idade média de 76,8 anos.
O primeiro-ministro do Japão defendeu, assim como há três dias na cerimônia que lembrou o bombardeio atômico de Hiroshima, a redução da dependência japonesa com relação à energia nuclear e uma investigação a fundo sobre as causas do acidente na usina de Fukushima após o terremoto de 11 de março.
Kan voltou a defender em seu discurso os três princípios não nucleares do Japão (não possuir, produzir ou introduzir armas atômicas no país), ao tempo que destacou o compromisso da nação asiática para liderar os debates globais que buscam acabar com a proliferação nuclear.