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Nadia Murad pede que mulheres não se calem diante da violência sexual

Murad, membro da minoria religiosa yazidi, ressaltou a importância de "ser forte" e denunciar para obter justiça

Nadia Murad Basee Taha, ativista yazidi que foi sequestrada pelo Estado Islâmico em 2014, é homenageada em evento em Ottawa, Canadá, no dia 25/10/2016 (Chris Wattie/Reuters)

Nadia Murad Basee Taha, ativista yazidi que foi sequestrada pelo Estado Islâmico em 2014, é homenageada em evento em Ottawa, Canadá, no dia 25/10/2016 (Chris Wattie/Reuters)

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EFE

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 15h38.

Doha, 16 dez (EFE).- A ativista iraquiana Nadia Murad, agraciada com o prêmio Nobel da Paz em 2018, pediu neste domingo que as mulheres não se calem diante da violência sexual, apesar de este ser um tema "tabu" e "uma vergonha" no mundo árabe, durante um discurso pronunciado no Fórum de Doha.

"Para mim foi muito difícil falar destes temas, que são tabus nas nossas sociedades. É algo que não se pode erradicar através da violência. As mulheres não falam do estupro, é importante superar esta vergonha, este tabu, falar, denunciar", disse a antiga escrava sexual do grupo terrorista Estado Islâmico (EI).

Murad, membro da minoria religiosa yazidi, ressaltou a importância de "ser forte" e denunciar para obter justiça, porque os autores destes crimes "pensam que as mulheres vão se calar".

A jovem de 25 anos explicou que trabalha junto à advogada Amal Clooney no marco das Nações Unidas para que os responsáveis desses crimes sejam "julgados o mais rapidamente possível", já que mais de 3 mil jovens yazidis seguem sequestradas pelo EI.

Murad, cuja mãe e seis irmãos foram assassinados pelos jihadistas, pediu à comunidade internacional que evite que sigam sendo cometidos genocídios como os do EI no Iraque contra os yazidis.

Quando o EI invadiu em 2014 a comarca de Sinjar, no noroeste do Iraque, assassinou milhares de homens yazidis e sequestrou milhares de crianças e mulheres, que foram usadas como escravas sexuais.

"Se a comunidade internacional não obriga que esses criminosos sejam julgados por este genocídio, haverá mais, portanto é importante que haja condenação deste genocídio e mudança destes pensamentos radicais, extremistas, que consideram que as mulheres não têm nenhum valor e as vendem como mercadoria", afirmou.

A ativista afirmou que a comunidade internacional "não preveniu" o genocídio dos yazidis e denunciou que, apesar do apoio recebido por parte de todo o mundo, "está sendo feito muito pouco no terreno".

"Desde o genocídio apenas uma pessoa foi julgada por esses crimes, o que demonstra a negligência da comunidade internacional para a causa yazidi", asseverou.

A Nobel garantiu que seu sonho é retornar à sua cidade, Sinjar, e "ter uma vida normal", abrir um salão de estética e ajudar as mulheres a se maquiarem e serem belas, ao invés de ficar falando de sobre violência sexual.

"O meu sonho é poder voltar ao meu povo e ter uma vida normal e abrir um salão de estética em Sinjar. De fato, espero que a violência sexual seja totalmente erradicada e vou ajudar as mulheres a se maquiarem e serem belas ao invés de ficar falando sobre essas coisas", comentou. EFE

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