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Nadia Murad, de escrava sexual do EI a vencedora do Nobel da Paz

Com 25 anos, a vencedora do Nobel da Paz sobreviveu aos piores horrores infligidos pelo grupo Estado Islâmico a seu povo, os yazidis do Iraque

FILE PHOTO:  Nadia Murad Basee Taha, an Iraqi woman of the Yazidi faith who was abducted and held by the Islamic State for three months, walks through a makeshift camp for migrants and refugees at the Greek-Macedonian border near the village of Idomeni, Greece, April 3, 2016. REUTERS/Marko Djurica/File Photo (Marko Djurica/Reuters)

FILE PHOTO: Nadia Murad Basee Taha, an Iraqi woman of the Yazidi faith who was abducted and held by the Islamic State for three months, walks through a makeshift camp for migrants and refugees at the Greek-Macedonian border near the village of Idomeni, Greece, April 3, 2016. REUTERS/Marko Djurica/File Photo (Marko Djurica/Reuters)

A

AFP

Publicado em 5 de outubro de 2018 às 10h19.

Última atualização em 5 de outubro de 2018 às 10h56.

Com apenas 25 anos, Nadia Murad, vencedora do Nobel da Paz ao lado do ginecologista congolês Denis Mukwege, sobreviveu aos piores horrores infligidos pelo grupo Estado Islâmico (EI) a seu povo, os yazidis do Iraque, e se tornou um ícone desta comunidade ameaçada.

A jovem iraquiana poderia ter desfrutado de uma vida tranquila em sua cidade natal, Kosho, perto do reduto yazidi de Sinjar, uma zona montanhosa entre Iraque e Síria.

Mas o rápido avanço do EI em 2014 mudou seu destino.

Em agosto de 2014 ela foi sequestrada e levada à força para Mossul, um bastião do EI reconquistado há mais de um ano. Este foi o início de um calvário de muitos meses: torturada, disse ter sido vítima de múltiplos estupros coletivos antes de ser vendida diversas vezes como escrava sexual.

Nadia Murad - assim como sua amiga Lamiya Aji Bashar, com a qual venceu o Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016 - repete sem cessar que mais de 3.000 yazidis continuam desaparecidas e que provavelmente permanecem em cativeiro.

Torturas e estupros

Os extremistas queriam "roubar nossa honra, mas perderam a honra deles", disse aos eurodeputados Nadia Murad, que foi nomeada embaixadora da Boa Vontade da ONU e luta pela proteção das vítimas do tráfico de pessoas.

Além de sofrer torturas e estupros, Murad teve de renunciar a sua fé yazidi, uma religião ancestral desprezada pelo EI, praticada por meio milhão de pessoas no Curdistão iraquiano.

"A primeira coisa que fizeram foi nos forçar a uma conversão ao Islã. Depois fizeram o que queriam", afirmou Nadia à AFP em 2016.

Assim como milhares de outras yazidis, ela foi obrigada a "casar" com um extremista que a agredia, como relatou em um comovente discurso no Conselho de Segurança da ONU em Nova York.

"Incapaz de suportar tantos estupros", ela decidiu fugir. Graças à ajuda de uma família muçulmana de Mossul, Nadia obteve documentos de identidade que permitiram sua viagem até o Curdistão iraquiano.

Após a fuga, a jovem - que disse ter perdido seis irmãos e a mãe no conflito - viveu em um campo de refugiados no Curdistão, onde entrou em contato com uma organização de ajuda aos yazidis. Esta ajudou em seu reencontro com a irmã na Alemanha.

Neste país, onde mora, ela se tornou uma respeitada porta-voz de seu povo, que antes de 2014 tinha 550.000 membros no Iraque. Hoje, quase 100.000 abandonaram o país, e outros estão no Curdistão.

Murad, que lidera o combate de seu povo, de acordo com suas palavras, conseguiu que as perseguições cometidas em 2014 fossem reconhecidas como genocídio. O Conselho de Segurança da ONU se comprometeu a ajudar o Iraque a coletar provas sobre os crimes do EI.

Seu "combate" também reservou algumas boas surpresas. No dia 20 de agosto, a jovem anunciou no Twitter que se casará com outro ativista da causa yazidi, Abid Shamdeen.

"O combate a favor de nosso povo nos uniu e seguiremos neste caminho juntos", escreveu.

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