Maduro faz discurso para mobilizar apoiadores em Caracas (Pedro Rances Mattey/Anadolu/Getty Images)
Repórter colaborador
Publicado em 29 de julho de 2024 às 06h01.
Última atualização em 29 de julho de 2024 às 11h27.
Controlado pelo governo chavista, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela declarou que Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais deste domingo, 28, após uma apuração lenta e acusada de irregularidades por parte da oposição. Líderes contra o chavismo rejeitaram o resultado e declararam Edmundo González Urrutia vencedor, com 70% dos votos.
Os dados do CNE foram questionados por governos estrangeiros. O presidente do Chile, Gabriel Boric, falou "ser difícil acreditar na vitória de Maduro". Já Javier Milei, da Argentina, disse que o país "não vai reconhecer outra fraude" e declarou que Maduro não ganhou o pleito.
[grifar]A oposição afirma que só teve acesso a 30% das atas eleitorais que poderiam comprovar a vitória governista e acusou Maduro de fraude.
Com 80% das urnas apuradas, Nicolás Maduro, no poder desde 2013, recebeu 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González Urrutia que encabeçou a chapa de oposição no lugar de María Corina Machado, proibida de participar.
Mais de 21 milhões de venezuelanos estavam habilitados para votar nestas eleições (o voto não é obrigatório no país), no pleito que mostrou ser o maior desafio ao chavismo nos últimos anos. Milhares de venezuelanos amanheceram nas filas para votar assim que as primeiras urnas abriram.
Após o fim da votação e início do processo de apuração, houve denúncia por parte da oposição de dificuldades para acessar as atas eleitorais. Sem elas, não é possível fazer a comprovação dos dados apresentados pelo CNE. A oposição convocou apoiadores a fazer vigília nos centros de votação durante a apuração.
Analistas estrangeiros temem que possa ter havido alguma manipulação de resultados. "É inevitável que o conjunto de táticas geralmente usado para impedir o voto seja empregado. Este modo de agir (playbook) tem sido usado desde os dias de Hugo Chávez", dizem os analistas Ryan Berg, diretor do programa de Américas do CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais), baseado nos EUA, e Alexandra Winker, pesquisadora associada do CSIS.
"As táticas começam com procedimentos para fraudes nos centros de votação. O regime de Maduro mudou muitos locais de votação sem avisar os eleitores, e há mais de 2.000 centros eleitorais em locais isolados, onde o acompanhamento é difícil", apontam.