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Na Suécia, refugiados terão empregos daqui a dez anos

Cerca de metade dos refugiados que estão chegando hoje ao país nórdico ainda estarão desempregados em 2025


	Estocolmo, capital da Suécia
 (Wikimedia Commons)

Estocolmo, capital da Suécia (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 20h47.

A estrela das redes sociais Mahmoud Bitar acumulou centenas de milhares de seguidores no Facebook ao fugir da Síria para a Suécia.

Agora, ele posta vídeos com brincadeiras sobre a vida na condição de refugiado próximo à cidade de Örebro.

Bitar está recebendo muitas ofertas para trabalhar como ator, mas tem permissão apenas para “comer e dormir” durante a espera por um visto de residência. “Não é tão fácil viver na Suécia quanto você pode ter sonhado”, disse Bitar, que trabalhava em um hotel em Alepo antes de fugir, em uma viagem pelo Oriente Médio, pela Turquia e pela Grécia a caminho da Escandinávia.

Ele poderá ser um dos sortudos a receberem seu visto de permanência em um ano ou pouco mais.

Mas se o passado serve de exemplo, cerca de metade dos refugiados que estão chegando hoje ao país nórdico ainda estarão desempregados em 2025.

Na última década, o país com 10 milhões de habitantes se transformou em um porto seguro para aqueles que fogem de conflitos no Oriente Médio, primeiro do Iraque e agora da Síria.

A Suécia aceitou cerca de 80.000 iraquianos desde o início da década passada e recebeu em torno de 100.000 sírios desde 2011.

Contudo, a Suécia tem tido um sucesso limitado na absorção desses homens e mulheres que são seus novos concidadãos. Segundo o Escritório Nacional de Auditoria, apenas 53 por cento dos refugiados que chegaram em 2003 conseguiram emprego em 2013.

Entre aqueles que chegaram há dois anos, em torno de 30 por cento, apenas, estão empregados. A taxa de desemprego no país, atualmente, é de 7 por cento.

A pressão sobre o mercado de trabalho e a economia como um todo está se tornando cada vez mais crítica.

Após a chegada de 7.000 refugiados à Suécia apenas na semana passada, o governo disse, na sexta-feira, que estava tentando encontrar espaço em antigas prisões e em edifícios geridos por empresas estatais para abrigá-los. Cerca de 100.000 pessoas estão empacadas no sistema de asilo.

Visões contrastantes

A opinião pública está dividida. Uma pesquisa da Ipsos divulgada no fim de semana mostrou que 44 por cento dos suecos aceitam mais refugiados, contra 30 por cento que querem menos.

E a população está se tornando mais polarizada, com um apoio crescente ao Democratas Suecos, um partido anti-imigração que recebeu 13 por cento dos votos na eleição do ano passado.

O governo, que assumiu no ano passado, agora está trabalhando para colocar os refugiados para trabalhar mais rapidamente, por exemplo por meio de ensino profissional sob medida para melhorar o aproveitamento.

“Não deveria demorar tanto assim”, disse o ministro da Imigração, Morgan Johansson. “Nós vemos que aqueles que chegam da Síria são altamente qualificados e para eles o negócio, basicamente, é aprender sueco”.

O governo ampliará também o número de locais de capacitação educacional e vocacional para cerca de 83.000 em 2019, contra um total planejado de 56.000 para 2016.

Muitos na Suécia estão dando boas-vindas também a uma mão de obra muito necessária para enfrentar uma iminente depressão demográfica.

“Temos um desemprego alto, mas também 80.000 empregos disponíveis e escassez em algumas profissões”, disse Johansson.

As empresas suecas estão dando boas-vindas a quem chega, em particular às pessoas altamente qualificadas da Síria.

Ameer Abdulal, 35, que tem um mestrado em Administração de Empresas e trabalhou com vendas e marketing em Dubai e na Arábia Saudita, chegou à Suécia no ano passado.

Após trabalhar cinco meses em um restaurante em Estocolmo e se candidatar a 40 empregos sem conseguir nenhuma entrevista, agora ele está em um programa de estágio de um mês da siderúrgica SSAB.

“Não é fácil encontrar um emprego que combine com suas qualificações e com seu nível educacional”, disse Abdulal. “Felizmente, hoje estou trabalhando no mesmo campo que estudei e no qual trabalhei antes”.

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