Mundo

Na Índia, o batalhão de mulheres tentando rastrear a covid entra em greve

As mais de 600.000 rastreadoras de contato, que já ajudaram a erradicar a poliomelite, pedem valorização do trabalho na covid-19

Rastreadoras de contato na Índia: exército de 600.000 mulheres na luta contra o coronavírus (Bloomberg/Bloomberg)

Rastreadoras de contato na Índia: exército de 600.000 mulheres na luta contra o coronavírus (Bloomberg/Bloomberg)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 8 de agosto de 2020 às 08h00.

Elas ajudaram a erradicar a poliomielite na Índia e reduziram o número de mulheres que morrem durante o parto. Mas o surto catastrófico de coronavírus no país, agora com o terceiro maior número de casos no mundo, levou seu exército feminino de profissionais de rastreamento de contatos ao limite.

Após meses de assédio, baixos salários e falta de proteção contra o vírus, cerca de 600 mil do total de um milhão de Ativistas de Saúde Social Credenciadas -- ou ASHAs, na sigla em inglês, que também significa esperança em hindi -- entrarão em greve de dois dias a partir de 7 de agosto para chamar a atenção para a situação. Líderes sindicais esperam que mais pessoas se unam à paralisação com a divulgação da notícia.

Elas querem melhor remuneração e sem atrasos e um status legal que garanta um salário mínimo para apoiar o trabalho de ajudar autoridades indianas a rastrearem contatos de alto risco de pacientes de Covid-19 em favelas e áreas rurais de difícil acesso no país.

Perder as ASHAs não só ameaçaria o esforço de contenção de vírus da Índia, mas também impactaria outros serviços de saúde oferecidos a famílias rurais que variam de vacinação infantil ao controle da tuberculose.

Gráfico de casos de coronavírus na Índia até 7 de agosto de 2020

A epidemia vem piorando: a Índia tem sido um dos locais com disseminação mais rápida de casos de coronavírus (Bloomberg)

“Para trabalhar das 7h às 17h, ganhamos apenas 2 mil rupias (US$ 27) por mês e sem máscaras ou desinfetante”, disse Sulochana Rajendra Sabde, uma ASHA de 45 anos no distrito de Jalgaon em Maharashtra, um estado no oeste da Índia cuja capital é Mumbai.

Sabde ainda não recebeu as 2 mil rupias extras por mês prometidas pelo governo estadual para o trabalho relacionado ao vírus. “Temos que providenciar tantos documentos por uma soma insignificante que também nunca chega a tempo”, disse. “O governo não tem lugar para nós em seu coração.”

Ligações e um e-mail para o Ministério da Saúde com pedido de comentários sobre a greve das ASHAs não foram respondidos imediatamente.

(Com a colaboração de Ari Altstedter)

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusÍndiaNarendra Modi

Mais de Mundo

Peru decreta emergência em três regiões afetadas por incêndios florestais

Putin reconhece que residentes das regiões fronteiriças estão enfrentando dificuldades

Rival de Maduro na Venezuela diz que assinou documento sob 'coação' e o considera nulo

Príncipe saudita descarta acordo com Israel sem reconhecimento do Estado palestino