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Na Holanda, até jogo de tabuleiro vira arma contra pedofilia

Neste ano, as autoridades holandesas já receberam o dobro de denúncias de pedofilia, e estão destinando recursos públicos para o combate

Pedofilia: jogo para identificar casos de abuso infantil não é unanimidade na Holanda (foto/Thinkstock)

Pedofilia: jogo para identificar casos de abuso infantil não é unanimidade na Holanda (foto/Thinkstock)

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EFE

Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 10h27.

Haia - Várias escolas holandesas estão usando um jogo de tabuleiro para ensinar as crianças a dizer "não" aos pedófilos, em um país onde as autoridades receberam neste ano o dobro de denúncias de abusos de menores de idade.

"Ensina que tipo de contato é normal, o que fazer quando um estranho te adicione nas redes sociais ou se o técnico de futebol da criança pede que você tire sua roupa de baixo. Ensina que eles a detectarem quando tocar neles é bom, ruim ou confuso. E torna mais fácil conversar sobre isso com um adulto", disse à Agência Efe a criadora do jogo, Petra Duijzer.

Duijzer recebeu de uma escola holandesa 10 mil euros para desenvolver o jogo "Safe Kids" e formar vários trabalhadores sociais para não "cometer erros". Agora há 40 professores formados e ensinando as crianças de 8 a 12 anos a detectar pedófilos.

"Trata-se de fazer com que o debate sobre a sexualidade seja acessível para todos", disse a criadora do jogo, reforçando a necessidade de que ele seja testado em outras escolas.

Ela citou, por exemplo, o caso de uma mãe cujo filho urinava na cama. Após jogar "Safe Kids" com ele, o menino reconheceu que tinha sofrido abusos de seu padrasto. "O jogo pode ajudar a averiguar o que ocorreu", disse Duijzer, que foi assistente social.

A conselheira juvenil Desiree van Doremalen é um pouco mais cética sobre o jogo educativo. "Desenvolver um instrumento deste tipo é muito perigoso quando ele é jogado em locais onde não há monitores que conheçam seu funcionamento. Além disso, doutrinas incorretas podem ter graves consequências", questionou.

Para Dujizer, porém, o jogo criado por ela é um bom começo para fomentar os conhecimentos das crianças que sofrem abusos sexuais.

A conselheira infantil Erna Polo foi treinada por Duijzer para aprender a como usar o jogo e o tipo de perguntas que são apropriadas para fazer às crianças.

No entanto, ela reconhece que há uma fronteira muito sensível entre falar de comportamento sexual inadequado e fazer perguntas diretas se há suspeita de abuso.

"É preciso saber conduzir a conversa e estar treinado para isso. Talvez seja necessário usá-la sob vigilância", explicou.

O jogo tem cinco temáticas: construir confiança, desenvolver resistência, educação sexual, limites psíquicos (dizer não ou parar) e a descoberta de insegurança. Há cinco contadores e um dado. Além disso, as crianças sempre saem ganhando.

"É como ensinar às crianças a andar de bicicleta. Eles aprendem após praticar durante um tempo. Mas isso deve ser parte de sua formação", explicou Duijzer.

Por enquanto, o jogo está em fase de testes, aguardando ser liberado pelo Ministério da Educação da Holanda.

Em um relatório divulgado em outubro, a polícia afirmou que recebeu 12 mil denúncias por pedofilia e pornografia infantil no país, o dobro de 2015. Além disso, as autoridades tinham identificado 156 crianças vítimas de abuso.

Companhias tecnológicas como o Google, a Microsoft e o Facebook são obrigados por lei a reportar os casos de pornografia infantil, mas a polícia reitera aos pais que é papel deles alertar as crianças sobre os perigos que existem nas redes sociais.

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