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Na França, um novo dia de caos e protestos contra reformas na Previdência

Macron afirmou que não vai ceder nos esforços para aprovar a reforma da Previdência e que espera chegar rapidamente a uma solução para encerrar a greve

Greve na França: 61% da população apoia as manifestações contra a reforma da Previdência (Benoit Tessier/Reuters)

Greve na França: 61% da população apoia as manifestações contra a reforma da Previdência (Benoit Tessier/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2020 às 06h14.

Última atualização em 9 de janeiro de 2020 às 06h39.

São Paulo — Novo ano, mesma greve. Depois de uma pausa durante as festas de fim do ano, os sindicatos franceses voltam a organizar uma série de manifestações ao redor da França nesta quinta-feira, 9, para protestar contra a reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron.

Os sindicatos esperam repetir o sucesso das manifestações do dia 17 de dezembro, quando uma grande quantidade de pessoas tomou as ruas de Paris (800 mil nas contas do Ministério do Interior e 1,5 milhão segundo os sindicatos franceses).

O setor de transportes, incluindo as operações de trem, metrô e companhias aéreas, deve ser bastante prejudicado hoje, bem como o funcionamento das refinarias, dos hospitais, das escolas, dos correios e dos portos do país, cujos trabalhadores também aderiram à greve contra a reforma.

Uma promessa do presidente Emmanuel Macron desde que foi eleito em 2017, a reforma da Previdência é um tema espinhoso na França. Embora o país já tenha feito mudanças no regime de aposentadoria nos últimos 20 anos, os trabalhadores de uma série de setores continuam tendo privilégios e conseguem se aposentar antes da idade mínima de 62 anos, como explica uma reportagem de EXAME publicada em agosto.

A distorção é tamanha que hoje existem 42 diferentes regimes de aposentadoria na França, para atender categorias variadas. A proposta do governo Macron é unificar todos os regimes em um só, o que pode ajudar a reduzir o peso das despesas com as aposentadorias e pensões. Hoje, o gasto representa 15% do PIB da França, um nível que só é maior na Itália e na Grécia.

As mudanças propostas por Macron tendem a prejudicar principalmente os trabalhadores do transporte ferroviário na França, que têm um regime de aposentadoria mais vantajoso. Funcionários da SNCF, empresa pública que opera os trens do país, estão em greve desde o dia 5 de dezembro. Esta já é a greve mais longa do setor de transportes na França.

Por enquanto, a população francesa tem sido favorável aos grevistas. Uma pesquisa divulgada pelo jornal Le Figaro, na quarta-feira, indica que a 61% dos franceses consideram a greve justificável, mas uma maioria de 57% afirma que gostaria que ela fosse encerrada.

Em Paris, cerca de 5 mil policiais e bombeiros foram convocados para atuar para conter a violência nos protestos. Existe o temor de que a manifestação termine em quebradeira, como ocorreu diversas vezes no ano passado durante a mobilização do movimento “coletes amarelos”. Segundo o Le Figaro, os protestos desta quinta-feira também devem ter a participação de “coletes amarelos”.

Em seu discurso de final de ano, no dia 31 dezembro, Macron afirmou que não vai ceder nos esforços para aprovar a reforma da Previdência e que espera chegar rapidamente a uma solução, junto com os sindicatos, para encerrar a greve. O risco é ceder a ponto de desidratar a reforma da Previdência — tão necessária na França quanto era no Brasil.

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