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Hollande encerra ano conturbado na França

Presidente enfrenta a desorganização entre seus ministros, enquanto a ultradireitista Frente Nacional sobe nas pesquisas


	François Hollande, presidente da França: nada menos que 76% dos franceses se declaravam em novembro descontentes com o presidente
 (Philippe Wojazer/Reuters)

François Hollande, presidente da França: nada menos que 76% dos franceses se declaravam em novembro descontentes com o presidente (Philippe Wojazer/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 22h02.

Paris - A crise econômica da França em 2013 contribuiu para a queda de popularidade do presidente François Hollande, que enfrenta a desorganização entre seus ministros, enquanto a ultradireitista Frente Nacional sobe nas pesquisas.

Os franceses descobriram este ano as consequências de uma crise econômica que pareciam evitar - pelo menos até o nível da sofrida nos países do sul da Europa - com notícias sobre a perda de milhares de empregos e reprimendas desde a Comissão Europeia.

Nada menos que 76% dos franceses se declaravam em novembro descontentes com o presidente, recorde histórico para um chefe do Estado ao qual tornam claramente responsável de uma situação em grande medida inesperada.

Em 2013 os franceses começaram a perceber que o impacto da crise tem consequências reais, tanto no emprego como em seu poder aquisitivo.

Além disso, surgiu o medo de que a onda que cobriu outros países da eurozona no caso francês possa ser mais uma lenta e constante maré de efeitos igualmente devastadores.

Como foi para a popularidade de Hollande a clara desorganização entre alguns de seus ministros, como o rebelde Arnaud Montebourg, titular de Reconstrução Produtiva, ou o poderoso ministro do Interior, Manuel Valls, e o primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, cuja autoridade chegou a ser questionada.

No aspecto econômico, 2013 trouxe uma série de más notícias para os franceses, já acostumados a conhecer todas as semanas anúncios de fechamentos de fábricas, com novos milhares de cidadãos no desemprego e uma certa sensação que a base industrial do país está tocada.

A constante alta do desemprego só se aliviou no final de novembro, quando pela primeira vez em dois anos não aumentou o número de grevistas e foram criados postos de trabalho, um alívio para o presidente, que prometeu que em 2013 que enxugaria postos de trabalho, um indicador na caminho negativo durante mais de dois anos.


O presidente iniciou o ano, no entanto, com uma demonstração de força militar: a intervenção de forças francesas no Mali contra os islamitas que haviam ficado com o norte do país acabou positivamente em relativamente pouco tempo.

A decisão que nessa ocasião demonstrou Hollande lhe mereceu elogios, no entanto matizados de portas dentro pelo peso dos escândalos dentro e fora de seu governo.

No interior, com a explosão da bomba que significou conhecer que o ex-ministro de Orçamento Jérôme Cahuzac mentiu para o próprio presidente ao ocultar que tinha defraudado o fisco.

Hollande o obrigou a renunciar, mas o prejuízo estava feito e o ex-ministro exibiu suas contradições em uma comissão parlamentar de investigação.

Além da polêmica, em grande parte inesperada, gerada por uma das decisões que Hollande já havia antecipado como das primeiras que marcariam seus cinco anos no Eliseu: a aprovação da lei que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Um movimento heterogêneo de oposição ocupou praças e ruas de Paris, inclusive com confrontos violentos, em reivindicação do bloqueio que veem como uma ameaça aos "valores familiares".

A ação não evitou que a lei fosse aprovada, mas surpreendeu dentro e fora do país. Dentro, por ser inesperada para muitos cidadãos de uma França laica e pátria da Declaração Universal dos Direitos Humanos - além de pela confusa mistura de interesses sociais e partidários que dominava seus impulsores - e, fora do país, pela veemência do movimento diante de uma iniciativa aprovada sem tanta radicalização em países vizinhos.

Tudo isso sobre o cenário do constante aumento das intenções de voto para a Frente Nacional (FN), cuja líder, Marine Le Pen, é vista com força para desafiar tanto os socialistas como os conservadores, com os quais disputará em 2014 em eleições locais muito aguardadas.

E em 2013 o ex-presidente Nicolas Sarkozy viu ficar mais distante sua eventual volta à primeira linha política, quando a Justiça desprezou as acusações pelos quais se lhe averiguava em um caso de suposto abuso de fraqueza da multimilionária Liliane Bettencourt.

Nunca confirmadas explicitamente, as ambições presidenciais de Sarkozy são uma das incógnitas que durante os próximos meses os franceses poderão, talvez, ver esclarecidas.

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