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Na França, agricultores preparam 'cerco' a Paris; autoridades mobilizam 15 mil policiais

As autoridades, que até agora evitaram interromper os protestos, mobilizaram 15 mil policiais

"Não somos bandidos. Só queremos respostas, porque este é o nosso último comboio, a nossa última luta pelos agricultores, diz mebro o sindicato (AFP/AFP)

"Não somos bandidos. Só queremos respostas, porque este é o nosso último comboio, a nossa última luta pelos agricultores, diz mebro o sindicato (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de janeiro de 2024 às 10h48.

Os agricultores franceses, que iniciaram há 11 dias uma série de protestos para denunciar sua situação de trabalho, começaram nesta segunda-feira, 29, a preparar o "cerco" a Paris, por considerarem insuficiente a resposta do governo.

As autoridades, que até agora evitaram interromper os protestos, mobilizaram 15 mil policiais e gendarmes para evitar o bloqueio de aeroportos e infraestruturas essenciais na região de Paris.

Convocados pelo sindicato da Coordenação Rural, quase 30 tratores saíram de Agen (sudoeste) durante a manhã e seguiram em direção ao mercado atacadista de Rungis, um dos maiores do mundo e que abastece a capital com produtos agrícolas.

"Não somos bandidos. Só queremos respostas, porque este é o nosso último comboio, a nossa última luta pelos agricultores (...) É uma questão de sobrevivência", disse à AFP Karine Duc, membro deste influente sindicato, o segundo do país.

Os agricultores denunciam a queda de receita, as baixas aposentadorias, a complexidade administrativa, a inflação das normas ambientais e a concorrência estrangeira, especialmente o acordo negociado entre a União Europeia e os países do Mercosul.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro, Gabriel Attal, anunciou uma série de medidas, como a eliminação do aumento da taxa do diesel para uso não agrícola e a ajuda a setores em crise, mas o setor considerou-as insuficientes.

O sindicato agropecuário majoritário, FNSEA, e os Jovens Agricultores convocaram um "cerco da capital por tempo ilimitado" a partir das 14h (10h em Brasília), que prevê o bloqueio das principais vias de acesso.

"Aumentamos a pressão porque percebemos que, quando se está longe de Paris, a mensagem não chega", disse o líder da FNSEA, Arnaud Rousseau, à rádio RTL, acrescentando tem um encontro "previsto" com Attal .

"Problemas de custos"

O setor agrícola é culturalmente importante na sétima economia mundial, embora o seu peso no PIB tenha caído drasticamente de 18,1% em 1949, no período de reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, para 2,1% em 2022, segundo dados oficiais.

Os agricultores receberam sinais de apoio nos últimos dias. Na manhã desta segunda-feira, a ONG Greenpeace exibiu uma faixa na Pont de la Concorde, em Paris, com o slogan: "Apoio aos agricultores. Parem os acordos de livre comércio" (em tradução livre).

O acordo comercial negociado desde 1999 entre a União Europeia e o Mercosul está no centro das atenções na França. Embora Attal tenha garantido, na sexta-feira, que não aprovaria a sua assinatura, a pressão permanece.

O eurodeputado de extrema direita Jordan Bardella apelou ao presidente Emmanuel Macron para defender, ante a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, os agricultores franceses contra os "carros alemães" nesta negociação.

Embora a exigência de tornar as normas ambientais europeias mais flexíveis, como o menor uso de pesticidas, não seja compartilhada por todos os sindicatos, uma melhor remuneração e o fim das importações são exigências globais, não apenas na França.

"Não é um problema de preços. Este é um problema de custos [de produção] que nos levam à ruína", disse o líder do sindicato agrícola Asaja, Pedro Barato, à rádio espanhola Cope, antecipando protestos na Espanha a partir da próxima semana.

A raiva agrária foi ouvida em vários países da UE, como Alemanha, Polônia e Romênia. No domingo, agricultores belgas em tratores bloquearam uma importante rodovia apelando a mudanças na Política Agrícola Comum europeia (PAC).

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