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Na China, jovens desempregados pagam para 'fingir' que têm emprego

Com taxa de desemprego acima de 14%, espaços que simulam escritórios viram alternativa para manter rotina e aliviar pressão familiar

Pequim, China: a taxa oficial de desemprego entre jovens no país está acima de 14% (Sheldon Cooper/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Pequim, China: a taxa oficial de desemprego entre jovens no país está acima de 14% (Sheldon Cooper/SOPA Images/LightRocket /Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 10h16.

Em meio à desaceleração da economia e a um mercado de trabalho desaquecido, jovens desempregados na China têm recorrido a uma solução incomum: pagar para frequentar escritórios onde apenas simulam ter um emprego. A tendência, descrita em reportagem da BBC, vem se espalhando por grandes cidades como Shenzhen, Xangai, Nanjing, Wuhan, Chengdu e Kunming.

A taxa oficial de desemprego entre jovens no país permanece acima de 14%, e, para muitos, ficar em casa não é uma opção. Em cidades como Dongguan, a cerca de 114 km de Hong Kong, há quem pague cerca de 30 yuans por dia (equivalente a R$ 22,80) para frequentar escritórios que simulam um ambiente de trabalho.

Nessas estruturas, os participantes dividem o espaço com outros usuários, utilizam computadores para procurar emprego, tentar lançar um negócio próprio ou realizar trabalhos temporários. O local costuma oferecer internet, salas de reunião, áreas de descanso e, em alguns casos, almoço, lanches e bebidas incluídos.

Segundo administradores desse tipo de serviço, cerca de 40% dos frequentadores são recém-formados que precisam apresentar provas de estágio para receber o diploma. O restante é composto principalmente por freelancers e nômades digitais, como escritores e trabalhadores de grandes empresas de e-commerce.

Especialistas ouvidos pela BBC afirmam que o fenômeno é “muito comum” e reflete frustração e sensação de impotência diante da escassez de vagas, além do descompasso entre a formação acadêmica e as demandas do mercado. “Esses lugares funcionam como solução de transição”, disse Christian Yao, professor da Victoria University of Wellington.

Para alguns frequentadores, a rotina ajuda na disciplina e no bem-estar. Há quem envie fotos do “trabalho” para tranquilizar familiares e relate ter feito amizades no espaço. A rotina pode incluir chegar entre 8h e 9h, ficar até tarde da noite e até jantar com colegas.

Embora oficialmente esses usuários sejam classificados como parte do grupo de “profissionais com emprego flexível”, que inclui também motoristas de aplicativo e caminhoneiros, administradores desses negócios reconhecem que a viabilidade financeira é incerta. Muitos veem o serviço como um “experimento social” que, em alguns casos, pode ajudar clientes a transformar o ambiente fictício em ponto de partida para uma carreira real.

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