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Na 'China envelhecida', escolas são transformadas em residências para idosos

Enquanto unidades de pré-escola fecham por falta de crianças, serviços a idosos crescem no país

Governo aprovou plano que vai aumentar a idade para se aposentar (Leandro Fonseca/Exame)

Governo aprovou plano que vai aumentar a idade para se aposentar (Leandro Fonseca/Exame)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 31 de outubro de 2024 às 11h37.

Preocupados com a redução das taxas de natalidade e pelo rápido envelhecimento da população, milhares de unidades de educação infantil na China reduziram suas operações - fechando completamente ou mudando de setor para sobreviver.

Os nascimentos na China têm apresentado uma tendência drástica de queda desde que o governo implementou a dura "política do filho único" em todo o país em 1980. Embora o país tenha flexibilizado a política em 2016, a taxa de natalidade continuou a despencar.

Entre 2021 e 2023, o número de crianças na educação pré-escolar caiu quase 15%, para pouco menos de 41 milhões.

Não é nenhuma surpresa, então, que as pré-escolas — incluindo públicas e privadas — também fecharam ao longo desses dois anos, caindo em 20.000 em todo o país, de acordo com a análise da CNBC de dados do Ministério da Educação da China.

Isso coincidiu com um esforço do governo para fechar jardins de infância privados enquanto tentava abrir mais jardins de infância apoiados pelo estado para reduzir os custos para as famílias.

O copo cheio para idosos

Por outro lado, enquanto as pré-escolas sofrem, o setor de cuidados para idosos está prosperando na crise demográfica da China. O número de instituições e instalações de serviços de cuidados para idosos dobrou de 2019 para mais de 410.000 este mês, de acordo com o Partido Comunista da China.

O governo chinês intensificou as medidas para reforçar sua "economia prateada", um setor que fornece bens e serviços para pessoas com mais de 50 anos, em esforços para lidar com o envelhecimento da população do país. Em diretrizes, o Gabinete Geral do Conselho de Estado pediu a aceleração do "desenvolvimento de instituições de cuidados para idosos" e o estímulo ao "consumo de idosos".

Segundo a CNBC, apesar do crescimento de sua "economia prateada", Pequim ainda está tentando mitigar os efeitos que uma população envelhecida representa para a sua economia no longo prazo.

Em setembro, o principal órgão legislativo do país aprovou um plano oficial para começar a aumentar gradativamente a idade legal de aposentadoria.

A medida foi controversa e impopular entre os mais jovens, repercutindo nas mídias sociais chinesas.

Até 2040, a China pretende reduzir a idade de aposentadoria para todos os homens de 60 anos hoje para 63, e para trabalhadoras de cargos administrativos de 55 para 58. Trabalhadoras de ocupações manuais, que antes se aposentavam aos 50, teriam que esperar até os 55 para se aposentar.

Mesmo assim, essas idades ainda são consideravelmente mais baixas do que nos EUA, onde a idade legal de aposentadoria é de 67 anos para todos os trabalhadores nascidos em 1960 ou depois, e também no Japão, onde a idade de aposentadoria é de 65 anos para homens e mulheres.

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