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Na Bolívia, boca de urna dá vitória a candidato de Morales no 1º turno

Pesquisa de boca de urna mostra que o ex-ministro da Economia Luis Arce obteve 53% dos votos, contra 30,8% do opositor Carlos Mesa

Arce é do grupo político do ex-presidente Evo Morales, que comandou o país entre 2006 e 2019 (RONALDO SCHEMIDT/AFP)

Arce é do grupo político do ex-presidente Evo Morales, que comandou o país entre 2006 e 2019 (RONALDO SCHEMIDT/AFP)

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AFP

Publicado em 19 de outubro de 2020 às 06h12.

Última atualização em 19 de outubro de 2020 às 07h50.

O economista Luis Arce, que foi o idealizador do milagre econômico de Evo Morales e era seu candidato nas eleições de domingo, será o próximo presidente da Bolívia, de acordo com duas projeções privadas.

De acordo com o canal de televisão Unitel, Arce, candidato do Movimento Ao Socialismo (MAS), venceu no primeiro turno das eleições com 52,4% dos votos, contra 31,5% do segundo colocado, o centrista Carlos Mesa.

A fundação 'Jubileo' aponta Arce com 53% dos votos e Mesa com 30,8%. "A Bolívia recuperou a democracia. Quero afirmar, sobretudo aos bolivianos, recuperamos as esperanças", disse Arce em uma entrevista coletiva ao lado de seu vice-presidente, David Choquehuanca.

Morales, que viajou para a Argentina após sua renúncia conturbada no ano passado, entre acusações de fraude eleitoral, reivindicou a vitória de seu partido, que não é oficial no momento. Apenas 6% dos votos haviam sido apurados sete horas depois do fim da eleição.

"Lucho (apelido do candidato do MAS) será nosso presidente (...) Ele devolverá a nossa pátria o caminho do crescimento econômico", disse Morales em Buenos Aires.

A presidente que sucedeu Morales de modo interino, Jeanine Añez, grande inimiga do MAS, também admitiu a vitória de Arce.

"Ainda não temos o cômputo oficial, mas pelos dados que recebemos o Sr. Arce e o Sr. Choquehuanca venceram a eleição. Felicito os vencedores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia", escreveu no Twitter.

Arce e Mesa eram os candidatos favoritos para a eleição, que aconteceu de maneira tranquila, apesar dos temores de repetição dos incidentes registrados após a votação de outubro de 2019, anulados por denúncias de fraude e que terminaram com a renúncia de Evo Morales.

As autoridades eleitorais decidiram suprimir nesta eleição a apuração rápida, baseada na transmissão das atas dos colégios eleitorais por foto, o que provoca um atraso considerável na apuração oficial, que pode demorar vários dias.

Pai do milagre econômico de Morales

Economista de 57 anos, Arce estudou na estatal Universidade Maior de San Andrés em La Paz e fez mestrado na universidade britânica de Warwick.

Trabalhou por 18 anos no Banco Central, onde ocupou diversos cargos e foi ministro da Economia e Finanças por quase todo o período de governo de Morales, com uma pausa de 18 meses. Tem um perfil mais tecnocrata que político.

Durante a presidência de Morales, a Bolívia elevou o Produto Interno Bruto (PIB) de 9,5 bilhões de dólares anuais a 40,8 bilhões e reduziu a pobreza de 60% a 37%, de acordo com dados oficiais.

Isto permitiu o pagamento de gratificações a milhares de gestantes, estudantes e idosos, e investimentos milionários para tentar industrializar o lítio e o gás natural.

Medidas de segurança

Quase 7,3 milhões de eleitores compareceram às urnas e também renovaram as 166 cadeiras do Congresso bicameral. Os bolivianos respeitaram as medidas de segurança motivadas pela pandemia, o que tornou o processo de votação mais lento.

O país andino enfrenta a crise mais econômica mais profunda em quase 40 anos, com uma contração prevista do PIB de 6,2% em 2020.

Nas eleições de 2019 a contagem rápida foi suspensa por mais de 20 horas e quando foi retomada Morales apareceu com um avanço que o tornava vencedor no primeiro turno. A missão eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmou que houve manipulação.

Por três semanas, a oposição e simpatizantes do governo tomaram as ruas e confrontos violentos foram registrados, com um balanço de 30 mortos. Morales perdeu o apoio das Forças Armadas e renunciou ao cargo de presidente.

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