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Musk e Trump: da aliança estratégica à ruptura política em uma linha do tempo

Em 2025, a amizade política entre Musk e Trump se desintegra, culminando em um confronto direto sobre investimentos e políticas econômicas

Musk e Trump: de aliados estratégicos a rivais políticos em 2025 (Jim WATSON/AFP)

Musk e Trump: de aliados estratégicos a rivais políticos em 2025 (Jim WATSON/AFP)

Publicado em 6 de junho de 2025 às 06h29.

Última atualização em 6 de junho de 2025 às 08h36.

Mais um divórcio complicado se desenrola nos Estados Unidos, com a relação entre Elon Musk e Donald Trump atingindo seu ponto mais baixo.

O que começou como uma aliança estratégica em 2017, marcada por apoio e elogios recíprocos, se transformou rapidamente em confronto público. O estopim foi o "Big Beautiful Bill" — um projeto de lei que Trump promoveu com a promessa de investimentos massivos em infraestrutura. Musk, que antes havia sido um defensor de Trump, não hesitou em se opor ao projeto, chamando-o de "uma abominação repulsiva".

A resposta de Trump foi clara e direta: ele sugeriu que poderia cancelar contratos federais com as empresas de Musk, incluindo a SpaceX e a Tesla. Essa ameaça foi o sinal de que a guerra política entre os dois estava prestes a se intensificar.

Musk, conhecido por suas respostas rápidas nas redes sociais, reagiu com uma crítica dura ao governo Trump, afirmando que as políticas econômicas do presidente estavam levando os Estados Unidos a uma recessão — além de ameaçar descomissionar a Crew Dragon, uma das principais espaçonaves da SpaceX em missões com a Nasa.

A briga custou caro para o homem mais rico do mundo: somente na quinta-feira, 5, ele perdeu US$ 26,6 bilhões (R$ 148 bilhões), segundo a Forbes. A perda é equivalente a quase o valor do Bradesco, uma das maiores empresas brasileiras na bolsa, que fechou o dia cotado a R$ 158 bilhões.

Confira a linha do tempo da relação entre Musk e Trump:

2017: Início da colaboração

A relação entre Musk e Trump começou em 2017, quando o fundador da Tesla e SpaceX foi nomeado para dois conselhos consultivos do presidente, o que gerou críticas, principalmente devido às políticas ambientais do governo Trump.

No entanto, Musk decidiu seguir em frente, defendendo sua posição como uma oportunidade para influenciar políticas em áreas como a imigração e o meio ambiente.

2017: Ruptura após o Acordo de Paris

Em 1º de junho de 2017, a relação começou a esfriar quando Trump anunciou a retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

Musk, como defensor da ação climática, reagiu rapidamente, renunciando a seus cargos nos conselhos presidenciais. “O clima é real. Deixar Paris não é bom para a América nem para o mundo”, afirmou Musk no Twitter, explicando sua decisão de deixar o governo.

2020: Trump elogia Musk

Nos anos seguintes, a relação entre os dois passou por altos e baixos. Em janeiro de 2020, durante uma entrevista à CNBC, Trump fez elogios a Musk, chamando-o de "um dos nossos grandes gênios", destacando o sucesso da Tesla e sua inovação no setor aeroespacial.

Musk, por sua vez, demonstrava apoio ao presidente em várias ocasiões, como quando Trump se envolveu em uma disputa com autoridades da Califórnia sobre o fechamento temporário da fábrica da Tesla devido à pandemia de covid-19. Musk, então, recebeu o apoio público de Trump, que o incentivou a reabrir a fábrica rapidamente.

2022: Musk defende o retorno de Trump ao Twitter

Em maio de 2022, Musk, agora dono do Twitter, causou polêmica ao afirmar que iria reintegrar a conta de Trump na plataforma, cancelada após os eventos de 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump invadiram o Capitólio dos EUA.

Musk chamou a decisão de banir Trump de “moralmente errada” e "foolish to the extreme" ("idiota ao extremo"), defendendo a liberdade de expressão. Trump, por sua vez, parecia estar em uma posição de neutralidade, afirmando que preferia usar sua própria plataforma, o Truth Social.

2022: Trump chama Musk de "artista da besteira"

No entanto, o que parecia ser uma reconciliação entre os dois começou a se deteriorar em julho de 2022. Durante um comício, Trump chamou Musk de “artista da besteira” e acusou-o de mudar de posição sobre seu apoio político.

Musk respondeu no Twitter, negando as acusações de Trump de que ele tivesse abandonado seu apoio ao presidente, mas deixando claro que considerava que Trump não deveria se candidatar novamente à presidência.

2022: Musk sugere que Trump não deve se candidatar novamente

Em outubro de 2022, a situação parecia estar em um impasse, com Trump alegando que Musk havia sido uma grande ajuda durante sua campanha, mas não concordando com a forma como ele tratava sua presidência.

Musk, em resposta, apontou que Trump deveria “pendurar o chapéu e se afastar” da política, sugerindo que ele não deveria se candidatar novamente à presidência. A partir desse momento, o relacionamento entre os dois começou a se deteriorar de forma visível, com os dois trocando acusações sobre os rumos da política.

2024: Trump tenta atrair Musk novamente

Em março de 2024, a relação começou a se agravar novamente, quando Trump tentou atrair o apoio de Musk durante uma reunião na sua propriedade de Mar-a-Lago. No entanto, Musk deixou claro que não faria mais doações para candidatos à presidência.

Mais tarde, ele se distanciou da política, dizendo que não via mais razão para investir dinheiro nesse campo. Esse foi o momento em que a amizade política começou a se desintegrar de vez, com Musk se afastando de qualquer contribuição significativa à campanha de Trump.

2024: Musk dá apoio a Trump após tentativa de assassinato

Já em julho de 2024, Musk deu apoio a Trump após uma tentativa de assassinato durante um comício em Butler, Pensilvânia. Musk postou nas redes sociais sua “total” adesão a Trump, desejando-lhe uma recuperação rápida.

Porém, poucos meses depois, o relacionamento azedou novamente, com Musk criticando abertamente o "Big Beautiful Bill", a grande proposta de gastos de Trump. Musk o chamou de uma "abominação repulsiva", acusando o governo de aumentar o déficit orçamentário e enfraquecer as políticas que ele defendia no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma iniciativa criada por Trump para cortar gastos no governo federal.

2025: Musk critica o "Big Beautiful Bill"

A briga chegou ao ponto mais alto em junho de 2025, quando Musk criticou ferozmente o "Big Beautiful Bill" após sair oficialmente do DOGE.

Em um post no X (antigo Twitter), Musk escreveu: "Esse projeto de lei massivo, escandaloso, cheio de desperdícios, é uma abominação repulsiva. Vergonha de quem o aprovou. Sabem que fizeram errado." Trump, por sua vez, respondeu dizendo que Musk estava apenas atacando o projeto devido à fase de eliminação dos créditos fiscais para veículos elétricos, o que afetaria diretamente a Tesla. Musk, no entanto, argumentou que sua crítica não estava relacionada apenas à Tesla, mas ao conteúdo do bill em si, que considerava excessivamente oneroso e prejudicial.

2025: A escalada do confronto entre Trump e Musk

A troca de acusações terminou com uma ameaça de Trump de cancelar contratos federais com as empresas de Musk, como SpaceX e Tesla, levando Musk a sugerir que ele poderia se retirar totalmente do envolvimento governamental.

O relacionamento entre os dois bilionários está claramente no seu ponto mais baixo, com ambas as partes se atacando publicamente, transformando o que foi uma aliança política em uma briga aberta.

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