Redação Exame
Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 06h45.
Um contrato de US$ 400 milhões do Departamento de Estado dos Estados Unidos para a compra de veículos elétricos blindados sofreu uma alteração significativa após a divulgação de que a Tesla (TSLA), empresa de Elon Musk, poderia ser beneficiada.
Documentos do governo que originalmente mencionavam a fabricante foram modificados para remover qualquer referência direta à companhia, substituindo o termo “Tesla Blindado” por “Veículos Elétricos Blindados”, segundo o jornal The Washington Post.
A mudança ocorreu depois que a plataforma Drop Site News e outros veículos de imprensa noticiaram que a Tesla poderia ser a fornecedora principal do contrato. O documento original estava disponível na página de licitações do governo e pode ser consultado por meio do Wayback Machine, ferramenta que arquiva versões anteriores de sites.
Um porta-voz do Departamento de Estado afirmou ao jornal que a licitação está suspensa e não há planos de avançar com o contrato no momento. A Tesla não comentou o caso.
A retirada da Tesla dos documentos públicos ocorre em meio a um debate sobre o papel de Elon Musk no governo Trump. O bilionário tem aconselhado o presidente em temas como corte de gastos públicos e desregulamentação, ao mesmo tempo em que suas empresas conquistam contratos lucrativos com a administração federal.
Musk foi recentemente nomeado um "empregado especial do governo", status que o isenta de algumas regras que restringem conflitos de interesse para servidores públicos. O professor de direito Richard Painter, ex-advogado de ética da Casa Branca, criticou a mudança nos documentos. “Isso é o que chamam de eficiência?”, questionou ele em uma publicação na rede social X.
Em resposta a perguntas sobre transparência, Musk declarou na Casa Branca que "transparência é o que constrói confiança". Trump, por sua vez, afirmou que não permitiria que Musk influenciasse decisões governamentais que pudessem beneficiar suas empresas. "Se achássemos isso, não deixaríamos que acontecesse", disse o presidente.
Além de sua participação como conselheiro de Trump, Musk comanda o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma entidade criada para reduzir os gastos federais e o tamanho do governo. Desde sua criação, o DOGE tem causado instabilidade ao intervir em agências federais, cortando empregos e programas que divergem da ideologia da administração.
As ações do grupo já afetaram mais de 18 órgãos federais, com impactos em áreas como pesquisa científica e agricultura. Funcionários relataram que os cortes têm gerado incertezas e dificultado a continuidade de projetos essenciais.
A relação entre Musk e o governo dos EUA tem sido lucrativa para suas empresas. Em 2021, o Congresso aprovou US$ 5 bilhões para a criação de uma rede nacional de carregadores de veículos elétricos, com milhões de dólares destinados à Tesla. No entanto, o governo Trump suspendeu esse programa na última semana.