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Música contra Thatcher constrange BBC

Uma campanha impulsionada por opositores trouxe de volta a canção "Ding Dong! The witch is dead" aos primeiros lugares das paradas britânicas


	Manifestantes comemoram a morte de Thatcher, em Londres: a BBC ainda não disse se proibirá sua divulgação
 (Carl Court/AFP)

Manifestantes comemoram a morte de Thatcher, em Londres: a BBC ainda não disse se proibirá sua divulgação (Carl Court/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2013 às 14h32.

Londres - Após a morte de Margaret Thatcher, muitas canções contra a Dama de Ferro ressurgiram na internet, entre elas "Ding Dong! The witch is dead", que a BBC hesita em tocar em seu popular programa radiofônico de sucessos musicais.

Uma campanha impulsionada por opositores das radicais políticas da ex-primeira-ministra, falecida na segunda-feira aos 87 anos, trouxe de volta a canção interpretada por Judy Garland no filme "O Mágico de Oz" (1939) aos primeiros lugares das paradas britânicas.

Com 28.000 cópias vendidas durante a semana, o tema mais cantado pelos manifestantes nas celebrações da morte de Margaret Thatcher ocupa provisoriamente o terceiro lugar, razão pela qual deveria ser ouvido durante o programa The Official Charts Show, na Rádio BBC 1.

A BBC ainda não disse se proibirá sua divulgação, mas o presidente da comissão de Cultura do Parlamento, o conservador John Wittingdale, pediu para que a música não seja tocada.

"É uma tentativa de manipular o hit-parade por parte de pessoas que tentam transmitir uma mensagem política. Muita gente irá considerá-la ofensiva e profundamente insensível, e por esta razão seria melhor que a BBC se abstenha de colocá-la", declarou ao jornal Daily Mail.

Charles Moore, biógrafo oficial de Thatcher, ofereceu sua própria visão do fenômeno, acusando em uma entrevista à rede os meios de comunicação em geral e a própria BBC.

"O que ocorre é que os meios de comunicação - e, em particular, a BBC, que tentou durante 24 horas ser agradável com Thatcher, mas que não conseguiu suportar por mais tempo - promovem dia após dia a ideia de que Thatcher é uma figura que divide e que as pessoas estão destruindo sua reputação ao celebrar sua morte".

Nos 11 anos em que esteve no poder (1979-1990), a até agora única mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro no Reino Unido sempre acusou a BBC de ter uma tendência esquerdista.


Para o novo diretor-geral do órgão público, Tony Hall, a eventual decisão de divulgar "Ding Dong" é uma decisão editorial, e não política.

"O Official Chart Show dominical é um balanço factual e histórico do que os britânicos compraram e tomaremos uma decisão sobre se a retiramos ou não quando as posições estiverem claras", declarou a BBC em um comunicado.

A BBC já vetou em outros momentos canções consideradas irreverentes ou obscenas, como "God Save The Queen", dos Sex Pistols, "Relax" de Frankie Goes To Hollywood, ou "Je T'Aime... Moi Non Plus", interpretada por Serge Gainsbourg e por sua esposa Jane Birkin.

Mas "Ding Dong" não é a única música a ter voltado à tona após a morte de Thatcher, criticada por muitos artistas nos anos 80 por suas políticas liberais e conservadoras.

Ressurgiu "Margaret on the guillotine" (Margaret na guilhotina), na qual o ex-vocalista do The Smiths, Morrissey, já perguntava a Thatcher em 1988 quando ela iria morrer.

"Nenhuma figura política britânica foi tão depreciada pelos britânicos quanto Margaret Thatcher", insistiu Morrissey nesta semana.

Também voltou a ser ouvida a canção de Elvis Costello "Tramp the dirt down", de 1989. "Quando, por fim, te colocarem sob a terra, ficarei sobre seu túmulo e pisotearei a sujeira", canta o músico.

O grupo The Communards dedicou a ela "Breadline Britain", uma terra "onde o diabo está no comando, onde o fascismo lidera uma nova dança, onde privatizarão a sua mãe se tiverem a chance", cantavam.

Mas o mais premonitório foi Hefner, que em "The Day That Thatcher dies" entoava "riremos no dia em que Thatcher morrer, embora saibamos que não é certo, dançaremos e cantaremos por toda a noite".

Centenas de britânicos saíram às ruas na segunda-feira após a divulgação da notícia para comemorar, festejos que tanto o primeiro-ministro conservador David Cameron quanto o líder da oposição trabalhistas Ed Miliband consideraram despropositados.

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