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Mundo joga no lixo quase seis "Brasis" de gás natural

Num planeta onde um em cada cinco vive sem luz, empresas e países não podem se dar ao luxo de desperdiçar energia, diz Banco Mundial, que pede redução de 30% na queima até 2017


	Se o gás queimado fosse comercializado, as transações seriam da ordem de US$ 50 bilhões
 (Alfredo Estrella/AFP)

Se o gás queimado fosse comercializado, as transações seriam da ordem de US$ 50 bilhões (Alfredo Estrella/AFP)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 25 de outubro de 2012 às 13h51.

São Paulo – O que hoje é uma enorme perda de recurso natural – a queima de gás natural associada à produção de petróleo – deve ser transformado em investimentos para o desenvolvimento sustentável. Em um apelo divulgado por nota oficial, o Banco Mundial diz que mundo tem o desafio de reduzir o volume de gás natural queimado em 30% até 2017.

Em 2011, a queima do combustível somou 140 bilhões de metros cúbicos – isso é quase seis vezes a produção recorde brasileira de gás natural, registrada no mesmo período. Com a redução defendida pelo Banco, o desperdício global do insumo cairia para 100 bilhões de metros cúbicos nos próximos cinco anos.

Do ponto de vista ambiental, a redução das emissões de CO2 resultante equivaleria à retirada de 60 milhões de carros das estradas – na prática, seria como varrer do mapa 90% da frota de veículos da cidade de São Paulo.

“Um corte de 30% em cinco anos é uma meta realista", disse Rachel Kyte, vice-presidente de Desenvolvimento Sustentável do Banco. "Hoje, uma em cada cinco pessoas no planeta não tem eletricidade. Nós simplesmente não podemos nos dar ao luxo de continuar desperdiçando esse gás”, sublinha.


Segundo estimativa do Banco, se todo o gás queimado fosse comercializado, as transações seriam da ordem de 50 bilhões de dólares. Então por que isso não acontece? Um dos motivos é que o gás natural ainda não é visto como um mercado atrativo e, para tornar sua comercialização viável, as empresas e governos precisam investir na criação de estruturas de estocagem e escoamento, como gasodutos.

Por meio do seu programa Parceria Global para Redução da Queima de Gás (GGFR, da sigla em inglês), a entidade visa aproximar iniciativa privada e poder público em diversos países do mundo na tentativa de transformar o desperdício em investimento.

No curso de seis anos, a iniciativa já ajudou a reduzir a queima de gás em 20%, um corte que se traduz na prevenção da emissão de 274 milhões de toneladas de emissões de CO2, equivalente ao emitido por 52 milhões de carros.

Para aumentar a redução de queima de gás, países e empresas precisam trabalhar juntos para alimentar os mercados de gás e construir infraestrutura adequado. "Os parceiros podem aproveitar as oportunidades de negócios e ao mesmo tempo ampliar o acesso das populações mais carentes”, disse Kyte. Um exemplo do desperdício é a Nigéria, o segundo país que mais queima gás natural no mundo, apenas atrás da Rússia. Apesar do governo ter proibido a prática por lá, as autoridades estaduais e municipais ainda falham na hora de obrigar as empresas a cumprir a regra.

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