Mais da metade do desperdício de alimentos em países ricos ocorre na fase de consumo (Getty Images)
Vanessa Barbosa
Publicado em 5 de junho de 2013 às 10h37.
São Paulo – A cada ano, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos vão parar no lixo em todo o mundo. Na ponta do lápis, um terço de toda a comida produzida pelo sistema agrícola global está sendo perdida, de acordo com um novo estudo do World Resources Institute (WRI) em parceria com o Programa Ambiental das Nações Unidas (Pnuma).
Lançado no Dia Mundial do Meio Ambiente, que este ano traz o tema "Pense. Coma. Poupe - Reduza sua pegada ecológica”, o documento mostra que mais da metade dos alimentos desperdiçados na Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália ocorre na fase do consumo.
Por outro lado, nos países em desenvolvimento, cerca de dois terços da comida é perdida após a colheita e armazenamento. Esses dados representam um sério desafio para a capacidade do planeta de reduzir a fome mundial e ainda satisfazer as necessidades alimentares de uma população global em rápida expansão.
O estudo, que é baseado em pesquisa da FAO, faz uma série de recomendações, incluindo o desenvolvimento de uma "protocolo de perdas de alimentos e geração de resíduos", um padrão global de como medir e monitorar e perda de alimentos. Se o que é medido é gerenciado, um protocolo deste tipo poderia ajudar os governos e as empresas a unir esforços para reduzir o problema.
De acordo com o estudo, que foi divulgado hoje na Mongólia, o mundo vai precisar de cerca de 60 por cento mais calorias dos alimentos em 2050 em comparação a 2006, se a demanda global mantiver sua trajetória atual de crescimento.
Reduzir para metade as taxas atuais de perda de alimentos e desperdício, dizem os autores, poderia reduzir esta lacuna em um quinto. Isso também resultará em grande economia no uso da água, energia, pesticidas e fertilizantes, e seria um impulso para a segurança alimentar global.
O relatório mostra, por exemplo, que a água utilizada para produzir alimentos que é desperdiçada em todo o mundo a cada ano pode encher 70 milhões de piscinas olímpicas, enquanto a quantidade de terras cultiváveis usado para produzir comida desperdiçada é equivalente ao tamanho do México.
Dos bancos alimentares da comunidade na Austrália, com a utilização de silos metálicos de grãos pelos agricultores no Afeganistão, o estudo do WRI e do Pnuma mostra soluções simples e de baixo custo para reduzir a perda de alimentos e resíduos.
Um dos exemplos vem dos EUA. Para reduzir o tamanho das porções e, portanto, a quantidade de alimentos jogados fora todos os dias em suas cafeterias, algumas universidades americanas deixaram de usar bandejas (esquema prato feito) e introduziu um sistema de "pagar por peso".