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Mulheres sauditas fazem campanha para poder dirigir

Ativistas sauditas lançaram uma nova campanha para exigir que as mulheres possam dirigir na Arábia Saudita e pede que elas saiam às ruas com seus carros

Mulheres árabes caminham: "nós mulheres temos direito de dirigir", dizem ativistas (Getty Images)

Mulheres árabes caminham: "nós mulheres temos direito de dirigir", dizem ativistas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2013 às 10h19.

Riad - Um grupo de ativistas sauditas lançou uma nova campanha para exigir que as mulheres possam dirigir na Arábia Saudita e pede que elas saiam às ruas com seus carros no dia 26 de outubro para desafiar a proibição.

Sob o lema "Que a mulher conduza é uma escolha e não uma obrigação", a campanha convida todos os sauditas a participarem da convocação para "pedir direitos civis" no reino, regido por uma versão estrita do islã.

As organizadoras desta iniciativa lembram, em comunicado, que "as mulheres dos acompanhantes do profeta Maomé montavam cavalos e camelos".

"Nós mulheres temos direito de dirigir, a não ser que queiram que voltemos a montar mulas e cavalos", dizem.

Segundo as ativistas, não há nenhuma frase na "sharia" (lei islâmica) nem na jurisprudência do islã que proíba as mulheres de dirigir. "Se houver justificações para isso, surgiriam da tradição e dos costumes", alegam.

A campanha considera que até agora o Estado não apresentou nenhuma justificativa "lógica" para insistir em sua proibição e antecipa que quer pedir que seja facilitado algum mecanismo para que a comunidade expresse sua opinião a respeito.

Além disso, a ativista saudita Layin al Hazul postou um vídeo no site "Keek" no qual pede que as mulheres sauditas dirijam seus carros em 26 de outubro.


A convocação foi recebida de forma positiva pelos meios de comunicação locais, que nos últimos dias abordaram em suas páginas o direito da mulher de dirigir, o que pode assinalar uma certa tolerância das autoridades com este assunto.

De fato, a Comissão para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício, também conhecida como polícia da moral, anunciou recentemente que não é sua competência perseguir mulheres ao volante.

Este organismo se encarrega de zelar pelo cumprimento dos estritos códigos islâmicos que imperam no ultraconservador reino com relação à vestimenta e à moral.

A luta das mulheres sauditas para dirigir remonta à proibição desta prática em 1990, quando o já falecido mufti da Arábia Saudita, xeque Abdulaziz bin Baath, emitiu um édito religioso neste sentido que levou o Ministério do Interior a impor essa restrição.

Em setembro de 2007, um grupo de mulheres intelectuais sauditas criou a primeira associação no reino para reivindicar o direito de dirigir.

O habitual é que as autoridades detenham as motoristas e expropriem seus veículos, até que o "mehrem" ou tutor - um homem da família - se apresente na delegacia e assine um documento no qual declara que a infração não vai se repetir.

Já em 2011, algumas ativistas realizaram uma campanha parecida que acabou com a detenção de algumas mulheres que conduziram nas ruas do país.

Entre as detidas estava Manal al Asharif, uma das organizadoras da atual convocação, que no final foi libertada mediante pagamento de fiança.

Nos anos 90, várias mulheres, em sua maioria jornalistas e acadêmicas, saíram em uma manifestação com seus carros e todas foram detidas. O que traz à tona a pergunta: o que ocorrerá no próximo dia 26 de outubro?

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