Redator
Publicado em 25 de julho de 2025 às 05h11.
A ex-garçonete e massagista Christina Chapman viu sua vida virar do avesso após prestar um serviço temporário a agentes norte-coreanos. Por um período de dois anos, ela operou uma "fazenda de laptops" em sua casa por onde golpistas da Coreia do Norte conseguiam se conectar a mais de 300 empresas dos EUA. Nesta quinta-feira, 24, foi punida a cumprir pena de 102 meses (ou oito anos) em regime fechado no país.
Os promotores apontaram que a operação de Chapman rendeu mais de US$ 17 milhões aos norte-coreanos. Entre as empresas infiltradas estava a Nike, de acordo com os autos do processo.
O trabalho consistia em ajudar norte-coreanos a se infiltrarem em empresas americanas que ofereciam oportunidades de emprego remoto por meio de sua localização. Christina ajudaria os norte-coreanos a preencher documentos e fornecia um endereço nos EUA para onde laptops corporativos e outras correspondências poderiam ser enviados, de acordo com os promotores.
Além de salários, eles conseguiam ter acesso e roubar dados dos empregadores -- algumas empresas acusaram os norte-coreanos de extorsão.
As empresas enviavam os salários dos trabalhadores para Christina, que recebia uma parte e depositava o restante em contas bancárias acessadas pelo governo norte-coreano. Os recursos eram usados para financiar o programa de armas do país, segundo a investigação.
A Nike foi uma das vítimas nas mãos dos norte-coreanos, pagando a um de seus trabalhadores quase US$ 75 mil em salários durante um período de cinco meses entre 2021 e 2022. A plataforma Jeenie e a agência de recrutamento DataStaff, da Carolina do Norte, também foram lesadas.
A parceria rendeu bons frutos para a americana. Christina conseguiu se mudar de um trailer em Minnesota e comprar uma casa de quatro quartos no Arizona. No período em que prestou serviço para os norte-coreanos, chegou a arrecadar mais de US$ 284 mil em pagamentos. Além de ser condenada pela Justiça a devolver o montante, ela também terá de pagar uma multa de US$ 176,8 mil — quantia essa que os promotores disseram que ela ganhou com a fazenda de laptops.
A casa de Christina no Arizona foi invadida por agentes do FBI em outubro de 2023. Em fevereiro, ela se declarou culpada das acusações de fraude, lavagem de dinheiro e roubo de identidade.
De origem humilde, Christina disse ter aceitado o emprego porque o trabalho remoto lhe permitia passar mais tempo com sua mãe, que foi diagnosticada com câncer. “A área onde morávamos não oferecia muitas oportunidades de emprego que correspondessem às minhas necessidades”, disse. Ela pediu desculpas às vítimas em uma declaração apresentada ao tribunal antes de sua sentença.