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Mulher de foto icônica do 11 de Setembro morre de câncer

Marcy Borders tinha 28 anos no momento dos ataques, trabalhava há apenas um mês no World Trade Center quando os atentados ocorreram


	Marcy Borders ao lado de sua foto coberta de poeira: após os ataques, Borders mergulhou em uma década de depressão profunda
 (AFP / Stan Honda)

Marcy Borders ao lado de sua foto coberta de poeira: após os ataques, Borders mergulhou em uma década de depressão profunda (AFP / Stan Honda)

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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2015 às 12h54.

Uma sobrevivente dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York que foi protagonista de uma das fotos mais famosas da tragédia morreu de câncer de estômago, aos 42 anos.

A família de Marcy Borders anunciou seu falecimento na segunda-feira no Facebook.

Borders, que tinha 28 anos no momento dos ataques, trabalhava há apenas um mês no Bank of America, localizado no World Trade Center (WTC), quando os atentados ocorreram.

Quando uma das torres desabou, ela correu para se proteger em um edifício de escritórios próximo, onde o fotógrafo da AFP Stan Honda fez uma foto que a mostrava completamente coberta com uma grande camada de poeira, tornando-a conhecida como "The Dust Lady".

Na foto, o ar aparentava estar pesado e Borders surge como um fantasma em meio a uma nuvem de poeira, cercada por uma inquietante luz amarelada.

"Não consigo acreditar que minha irmã se foi", escreveu o irmão Michael Borders no Facebook, pedindo orações das pessoas.

Seu primo Elnardo Borders afirmou nas redes sociais: "Ela descansa em paz agora!!!".

Após os ataques, Borders mergulhou em uma década de depressão profunda com abuso de álcool e drogas, da qual eventualmente conseguiu se recuperar.

Ela perdeu seu emprego no Bank of American depois de ter ignorado diversas ofertas de transferência.

Borders passou muito tempo reclusa em seu apartamento de dois quartos em uma das áreas mais pobres de Bayonne, uma comunidade-dormitório de Nova Jersey.

"Ainda vivo com medo"

Uma parte dela morreu naquele dia fatídico, segundo a família.

"Ainda vivo com medo. Não consigo pensar estar lá, naqueles alvos, nas pontes, nos túneis, nas estações (de metrô)", disse à AFP em uma entrevista concedida em março de 2012.

"O pai da minha filha a levou. Não posso cuidar de mim, então não posso cuidar dela", confessou.

Sua geladeira estava vazia e sua televisão desligada.

"Costumava assistir muito a televisão. Mas agora tenho medo de que o que ocorre em Jerusalém também aconteça aqui. Toda essa violência. Então a deixo desligada", explicou.

Naquela época, Borders era ajudada por sua mãe para ter comida e dizia que ninguém a havia contactado nos meses que se seguiram ao ataque, que deixaram 3.000 mortos.

Nenhuma organização a ajudou e ninguém disse a ela que os sobreviventes do 11/9 podiam contar com tratamentos psicológicos gratuitos.

"Basicamente não faço nada. Fico em casa. Sinto-me segura do lado de dentro", disse.

"Sinto que teria que ter morrido para que minha filha tivesse algo. Às vezes eu penso que é preciso ser a esposa de um bombeiro ou policial para receber dinheiro. É tão deprimente. Às vezes você está pronto para se suicidar", acrescentou.

Depois de ter sido diagnosticada com a doença, Borders deu a entender que a exposição a substâncias químicas poluentes emitidas pela queda das Torres Gêmeas influenciou em sua saúde.

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