Mundo

Mujica chama Kirchner de "velha" e "teimosa"

Momentos antes de uma coletiva sobre as relações com Argentina e Brasil, Mujica fez comentários em voz baixa, sem perceber que os microfones já estavam ligados

José Mujica e Cristina Kirchner juntos em foto de agosto de 2011 (AFP / Juan Mabromata)

José Mujica e Cristina Kirchner juntos em foto de agosto de 2011 (AFP / Juan Mabromata)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h49.

Buenos Aires - O presidente uruguaio, José Mujica, deflagrou nesta quinta-feira uma inusitada crise diplomática ao chamar sua colega argentina, Cristina Kirchner, de "velha" e "teimosa", provocando a imediata reação da chancelaria em Buenos Aires, que qualificou as declarações de "ultrajantes".

Momentos antes de uma coletiva sobre as relações com Argentina e Brasil, Mujica fez comentários em voz baixa com o governador do departamento de Flórida, Carlos Enciso, sem perceber que os microfones já estavam ligados.

"Para se conseguir algo da Argentina é preciso encostar um pouco no Brasil. É como a velha lei do pêndulo", disse Mujica sobre as relações regionais.

"Esta velha (Cristina) é pior que o 'vesgo' (Néstor Kirchner). O 'vesgo' era mais político, mas ela é teimosa (...). Foi explicar a um Papa argentino (Francisco), que já viveu 77 anos, o que é um mate e o que é uma garrafa térmica?!" - disse Mujica sobre os presentes de Kirchner ao ser recebida pelo novo Pontífice, em 19 de março passado.

O comentário do presidente uruguaio foi transmitido ao vivo, via satélite, para o site da Presidência, sendo reproduzido no site do jornal El Observador.

O chanceler argentino, Héctor Timerman, reagiu protestando contra as 'ultrajantes' expressões de Mujica sobre o finado presidente Kirchner (2003/2007) e sua esposa, hoje mandatária da Argentina.


"A Argentina assinala que é inaceitável que comentários ultrajantes, que ofendem a memória de uma pessoa falecida, que não pode se defender, tenham sido realizados por alguém que Kirchner considerava seu amigo", disse Timerman em nota entregue ao embaixador do Uruguai, Guillermo Pomi, na qual manifesta "o profundo mal-estar com as expressões" de Mujica.

Uma hora após o incidente, Mujica disse ao site do jornal La República que "estava falando de Lula e do Brasil" e que suas declarações não foram públicas.

"Não vou dar bola para isto ou percorrer o mundo para esclarecer nada. Que inventem o que quiserem", declarou Mujica, um ex-guerrilheiro de 77 anos que assumiu a presidência em 2010 .

A gafe de Mujica logo tomou conta das redes sociais, liderando o Trending Topic no Twitter na Argentina.

No Facebook, muitos uruguaios compararam a gafe com o episódio protagonizado em 2002 pelo presidente Jorge Batlle, que ao final de uma entrevista à rede Bloomberg declarou que os argentinos eram "um bando de ladrões, do primeiro ao último".

Após a difusão das declarações, Batlle viajou a Buenos Aires e pediu desculpas diante das câmeras ao presidente argentino, Eduardo Duhalde.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaCristina KirchnerJosé MujicaPolíticosUruguai

Mais de Mundo

Polícia faz detonação controlada de pacote suspeito perto da Embaixada dos EUA em Londres

Quem é Pam Bondi indicada por Trump para chefiar Departamento de Justiça após desistência de Gaetz

Na China, diminuição da população coloca em risco plano ambicioso para trem-bala

Rússia diz ter certeza de que os EUA 'compreenderam' a mensagem após ataque com míssil