Mundo

Negociação sobre programa nuclear do Irã é retomada

"Temos muito trabalho a fazer", declarou John Kerry antes do início da reunião

Reunião sobre programa nuclear do Irã: "muito trabalho" (Reuters)

Reunião sobre programa nuclear do Irã: "muito trabalho" (Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2015 às 13h26.

As grandes negociações diplomáticas sobre o programa nuclear iraniano foram retomadas neste sábado em Viena, mas tanto Washington quanto Teerã admitem que há muito trabalho a ser feito, e a França insiste em certas condições indispensáveis para alcançar um acordo.

Os chefes da diplomacia americana e iraniana, John Kerry e Mohamad Javad Zarif, foram os primeiros a chegar à capital austríaca, onde discutiram durante várias horas.

"Temos muito trabalho a fazer", declarou Kerry antes do início da reunião, e acrescentou que, para ele, "todos querem um acordo, mas é preciso resolver questões difíceis". Seu colega iraniano se pronunciou na mesma linha.

A negociação deveria terminar em 30 de junho, mas a maioria dos negociadores estima que pode ser prolongada por vários dias.

Os ministros das Relações Exteriores dos países envolvidos - de um lado Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha; e do outro o Irã - começaram a chegar a Viena para abordar os últimos pontos, considerados os mais difíceis.

Kerry aterrissou na noite de sexta-feira e Zarif na manhã deste sábado. O chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, também chegou neste sábado, enquanto o britânico Philip Hammond, o alemão Frank-Walter Steinmeier e a Alta Representante da UE, Federica Mogherini, chegarão no domingo, confirmou o gabinete desta última.

As negociações serão prolongadas por vários dias, embora os ministros não devam permanecer em Viena de forma continuada.

"Teremos dias e noites complicados. Será preciso muita calma e sangue frio", prevê uma fonte diplomática ocidental.

Os pontos cruciais do acordo "continuam sendo extremamente problemáticos", segundo esta fonte, para quem ainda existem divergências importantes, embora alguns progressos tenham sido feitos.

Condições contra linhas vermelhas

A comunidade internacional quer obter garantias rígidas de que o programa nuclear tem puramente uma vocação civil e que Teerã não buscará produzir uma bomba atômica, em troca de um levantamento progressivo das sanções econômicas impostas desde 2005.

"Ao menos três condições são indispensáveis" para alcançar um acordo, advertiu o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, ao chegar à capital austríaca na tarde deste sábado.

"A primeira é uma limitação duradoura das capacidades nucleares iranianas de investigação e produção, a segunda é uma verificação rigorosa das instalações (nucleares iranianas), incluindo as militares, se for necessário, e a terceira é um retorno automático das sanções se ocorrer uma violação dos compromissos adotados" pelo Irã, declarou Fabius.

"Estas três condições respeitam a soberania do Irã. Ainda não foram aceitas por todos e, no entanto, são o triângulo de base indispensável para o acordo sólido que buscamos", acrescentou o ministro, que deve se reunir com Zarif e depois com Kerry.

O chanceler iraniano, por sua vez, repetiu a principal exigência de seu país: "o levantamento de todas as sanções".

Teerã quer que todas as sanções sejam eliminadas quando um acordo for alcançado, enquanto as grandes potências desejam levantá-las progressivamente.

No início da semana, o guia supremo Ali Khamenei reiterou as linhas vermelhas da negociação, especialmente sua negativa em permitir a visita de inspetores internacionais a instalações militares de seu país.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaIrã - PaísJohn KerryPolíticosTestes nucleares

Mais de Mundo

França estreia novo governo com giro à direita

Trump diz que é 'muito tarde' para outro debate com Harris nos EUA

Sri Lanka vota em primeiras presidenciais desde o colapso econômico

Milei viaja aos EUA para participar na Assembleia Geral da ONU pela 1ª vez