Agência de Notícias
Publicado em 7 de agosto de 2024 às 11h31.
Última atualização em 7 de agosto de 2024 às 12h00.
O próximo conselheiro sênior do governo interino de Bangladesh, Muhammad Yunus, pediu nesta quarta-feira aos jovens que lideraram os protestos no país asiático e que provocaram a renúncia da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina que “mantenham a calma” e não tomem “o caminho de violência".
“Nossa juventude está preparada para liderar a criação de um novo mundo. Não desperdicemos a oportunidade envolvendo-nos em violência sem sentido (…) Se seguirmos o caminho da violência, tudo será destruído”, disse o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, de 84 anos, em sua primeira declaração oficial desde que aceitou liderar o governo interino do país.
O economista, reconhecido com o Nobel da Paz em 2006, felicitou os “bravos estudantes” que participaram das mobilizações iniciadas no início de julho.
"Não vamos deixar [a vitória] escapar por causa dos nossos erros", disse Yunus.
O próximo conselheiro sênior, que chegará a Bangladesh vindo de Paris na quinta-feira, pediu ainda aos estudantes e membros dos partidos políticos de Bangladesh para "manterem a calma".
“Este é o nosso lindo país, com muitas possibilidades emocionantes. Devemos protegê-lo e torná-lo um país maravilhoso para nós e para as nossas gerações futuras”, concluiu.
Yunus, conhecido como o “banqueiro dos pobres”, recebeu o Nobel da Paz por fundar e conceber o Grameen Bank para combater a pobreza em Bangladesh, desenvolvendo o conceito de microcrédito, no qual os empréstimos são concedidos a pessoas com recursos escassos que normalmente serão rejeitados pelo sistema financeiro.
Em 2007, Yunus tentou fundar seu próprio partido para superar a polarização entre as duas maiores legendas do país asiático, a Liga Awami de Hasina e o Partido Nacional de Bangladesh (BNP).
Em 2010, o vencedor do Nobel e o Grupo Grameen começaram a enfrentar críticas ao seu sistema de microcrédito, e o governo de Hasina lançou então uma investigação contra ambos.
Yunus foi condenado a seis meses de prisão por um tribunal de Bangladesh no último mês de janeiro por violações da legislação trabalhista.
Seu governo interino terá como prioridade restabelecer a situação da lei e da ordem nas ruas, depois dos protestos que começaram há um mês para reivindicar o cancelamento de um sistema de cotas para empregos públicos e terminaram exigindo a destituição de Hasina após a brutal repressão das manifestações, nas quais mais de 400 pessoas morreram.