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Mudanças climáticas podem colocar a Europa em chamas

Estudo alerta para ameaça crescente de incêndios florestais, que começam cada vez mais cedo, duram mais tempo e são mais fortes e difíceis de controlar

Bombeiros trabalham para apagar incêndio florestal em Portugal em outubro de 2017. (Rafael Marchante/Reuters)

Bombeiros trabalham para apagar incêndio florestal em Portugal em outubro de 2017. (Rafael Marchante/Reuters)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 11 de março de 2018 às 08h17.

Última atualização em 11 de março de 2018 às 08h17.

São Paulo - Altas temperaturas, fortes ventos e baixa umidade do ar foram o estopim para a violenta onda de incêndios florestais que castigaram a Europa no ano passado, atingindo principalmente os países do Mediterrâneo, como Portugal, Itália e Espanha, que perderam mais de 800 mil hectares de terra para o fogo. Ao que tudo indica, o fenômeno não é passageiro.

Com um terço do seu território formado por florestas, o continente europeu está "sentado" sobre uma imensa caixa de fósforos. Em tempos de mudanças climáticas, à medida que o mundo se aquece e a terra e vegetações se tornam mais secas, cresce o risco de incêndios florestais.

Pior, as queimadas começam cada vez mais cedo, duram mais tempo e são mais fortes e difíceis de controla e, no futuro, devem colocar em risco muito além dos países mais quentes do Mediterrâneo.

Mesmo as regiões montanhosas alpinas relativamente seguras serão vítimas do aumento de incêndios, a menos que sejam tomadas medidas para limitar as mudanças climáticas e reduzir as principais causas do fogo.

O alerta vem de um estudo feito a pedido a Comissão Europeia e que analisa os fatores que afetam a ocorrência de incêndios no continente.

O estudo compara um alto cenário de emissões de gases de efeito estufa com outro cenário em que o aquecimento global é limitado a 2°C acima dos níveis pré-industriais, considerado o teto para evitar as priores consequências climáticas.

Estratégias de adaptação eficazes serão cruciais para minimizar a gravidade e a ocorrência de incêndios florestais, e os estragos que podem causar nos países europeus. O estudo identifica alguns fatores-chave que poderiam ajudar a reduzir o risco, como atividades humanas, características da vegetação e a crescente urbanização.

Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) confirmam que quase todos os incêndios florestais na Europa começam devido à atividade humana. Minimizar esse fator envolve explorar as causas que levam as pessoas a iniciarem incêndios, bem como aumentar a conscientização sobre o perigo de queimas, incentivar o bom comportamento e punir os infratores.

Uma boa gestão da vegetação também é essencial para reduzir o risco de incêndio em florestas secas e minimizar a probabilidade de incêndios graves, medidas que precisam ser cuidadosamente adaptadas aos diferentes ecossistemas florestais. Florestas que possuem plano de gestão são menos propensas a queimar do que as que não são gerenciadas.

Algumas espécies de árvores e ecossistemas particulares são mais resistentes à seca e melhor adaptados à recuperação pós-fogo, por exemplo. O estudo destaca que o design cuidadoso da paisagem é fundamental para uma composição florestal bem adaptada ao clima que garanta florestas sustentáveis e menos propensas a incêndios.

A crescente concentração de pessoas em grandes cidades também pode aumentar o risco de incêndios. À medida que o mundo se torna mais urbanizado, as terras agrícolas abandonadas se transformam em combustível para alimentar os incêndios florestais. Assim, um design paisagístico cuidadoso também deve abarcar o planejamento estratégico do uso da terra agrícola, com o objetivo de evitar o abandono de terras agrícolas.

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