Seca provocada pelo El Niño na Colômbia (Eitan Abramovich/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2014 às 20h26.
SANTIAGO - O custo econômico da mudança climática na América Latina se aproximará dos 2,5 por cento anuais do Produto Interno Bruto (PIB) da região caso as temperaturas aumentem 2,5 graus em relação à média histórica, declarou nesta segunda-feira a chefe da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Alicia Bárcena.
Às vésperas da Cúpula sobre o Clima, que será realizada na terça-feira em Nova York, a secretária-executiva da entidade destacou que a região tem uma contribuição menor na mudança climática que outras, mas que é particularmente vulnerável a seus efeitos.
"As evidências sugerem que o impacto da mudança climática na América Latina e no Caribe já é relevante, e provavelmente será maior no futuro", declarou Bárcena em um comunicado.
Ela ressaltou que na região já se registram variações nos níveis de temperatura e nos padrões de chuvas.
"Os maiores riscos se concentram na agricultura, na disponibilidade de água, na conservação de bosques, na perda de biodiversidade, na saúde da população, no turismo em zonas costeiras e na redução da pobreza rural", garantiu a chefe do organismo da Organização das Nações Unidas (ONU).
Estimativas de diferentes estudos indicam que o ônus econômico da mudança climática ficaria entre 1,5 e 5,0 por cento do PIB anual na região.
Embora "se trate de médias que tampouco refletem a heterogeneidade regional (...), oferecem prova suficiente que já permite incorporar os efeitos da mudança climática no médio prazo nas decisões públicas", afirmou Bárcena no comunicado.
Para a chefe da Cepal, o desafio mais urgente para a região é a adaptação à mudança climática, especialmente nos pequenos Estados-ilha em desenvolvimento no Caribe e nos países centro-americanos.
Segundo Bárcena, os custos anuais de adaptação para a América Latina e o Caribe foram estimados em cerca de 0,5 por cento do PIB anual regional.
Em contraste, as emissões de gases de efeito estufa da região representam 9 por cento do total global, com uma taxa de crescimento anual de 0,6 por cento entre 1990 e 2011 (em comparação com 1,5 por cento global).
Uma proporção significativa das emissões da região provém da mudança do uso do solo, do desflorestamento e da agricultura.
Por isso, a secretária-executiva da Cepal exortou a proteção urgente de bacias hidrográficas, incluindo a conservação florestal e dos solos nas zonas altas e a limpeza periódica nas zonas baixas.
"A região ainda tem tempo de optar por caminhos para um desenvolvimento com igualdade e sustentabilidade ambiental, especialmente nas cidades. Este é o momento para que a região tome decisões cruciais a respeito do aumento na oferta e na qualidade dos serviços públicos, do uso de energias renováveis e de uma matriz produtiva mais baixa em carbono", afirmou.