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Muçulmanos se negam a entrar na Esplanada das Mesquitas

Os fiéis palestinos oraram hoje de novo do lado de fora da cidade murada, respondendo ao chamado de se negar a acatar as ordens de segurança

Jerusalém: ontem terminaram as 48 horas de fechamento da esplanada (Ammar Awad/Reuters)

Jerusalém: ontem terminaram as 48 horas de fechamento da esplanada (Ammar Awad/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de julho de 2017 às 21h52.

Jerusalém - Os muçulmanos mantêm nesta segunda-feira seu desafio às autoridades de Israel e se negam a entrar na Esplanada das Mesquitas como protesto contra as novas medidas de segurança, que incluem passar por um detector de metais, impostas após o atentado da última sexta-feira.

Os fiéis palestinos oraram hoje de novo do lado de fora da cidade murada, respondendo assim ao chamado de Mohamed Hussein, o grande mufti de Jerusalém (jurista muçulmano cujas decisões podem ter valor de lei) e outras autoridades islâmicas de se negar a acatar as ordens de segurança e passar pelos detectores.

O objetivo era mostrar sua oposição às "forças ocupantes" por se tratar da zona leste da cidade, ocupada por Israel em 1967 e posteriormente anexada, algo nunca reconhecido pela comunidade internacional.

Ontem terminaram as 48 horas de fechamento da esplanada, uma medida sem precedentes que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, decretou depois que dois policiais, árabes israelenses drusos, morreram em um ataque perpetrado por três árabes israelenses que tinham saído armados do recinto e que depois morreram por disparos das forças de segurança no pátio do local sagrado.

No entanto, a tensão não diminuiu.

"Vemos os detectores como uma maneira de controlar a mesquita, ainda que já existisse certo controle sobre ela. Se aceitarmos as portas eletrônicas, estaremos aceitando sua soberania e a perda de espaço", disse à Agência Efe Amani Khalifa, originária da cidade cisjordaniana de Belém, à espera da oração do magreb (ao entardecer).

As mostras de rejeição se repetiram durante o dia e grupos de palestinos se mantiveram de pé em frente aos postos de controle israelenses nos acessos da Cidade Velha, aos gritos intermitentes de "Allahu Akbar" (Deus é grande, em árabe).

Durante a oração de meio-dia, policiais dispersaram dezenas de fiéis que haviam bloqueado a estrada para a Porta dos Leões, contígua à esplanada, e o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld contou à Efe que "as medidas de segurança continuarão".

Durante a tarde, os agentes intervieram de novo na mesma área, adjacente ao local sagrado, quando dezenas de fiéis se mantinham em frente às muralhas da cidadela à espera da oração.

O secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina e ex-candidato presidencial, Mustafa Barghouti, que estava presente no protesto junto ao mufti, foi levado a um hospital "por uma lesão com uma bomba de som", segundo o Crescente Vermelho, que informou sobre enfrentamentos entre jovens e forças de segurança.

A polícia afirmou que centenas de pessoas entraram nesta segunda-feira no recinto, entre eles, segundo o portal de notícias israelense "Ynet", o primeiro grupo de judeus desde a última sexta-feira, que podem visitar, mas não rezar no local, que está sob custódia da Jordânia.

O recinto sagrado é um dos pontos políticos e religiosos mais sensíveis no conflito palestino israelense.

O denominado pelos muçulmanos Nobre Santuário abriga a Mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha e é o terceiro local mais sagrado para o islã (após Meca e Medina), enquanto que para o judaísmo é o mais sagrado, denominado Monte do Templo e abriga aos seus pés o principal local de culto judeu, o Muro das Lamentações.

O governo de Israel insiste em apoiar as novas medidas, que incluem o aumento das câmeras de segurança e o estabelecimento de postos militares aleatórios nas ruas de acesso à Cidade Velha, onde mudam constantemente o perímetro de segurança e as restrições de passagem.

"Esta é a minha casa e querem revistar todos antes de entrar. O que querem? Que tiremos as calças? A camisa? Que mais?", pergunta indignado Atif Muhamad, originário do bairro de Silwan, no leste ocupado de Jerusalém.

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