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Muçulmanos britânicos culpam subcultura jihadista após vídeo

Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha repudiou o “assassinato abominável” de um jornalista americano nas mãos do Estado Islâmico


	O repórter americano James Foley: vídeo chocante mostrou o jornalista sendo decapitado por militante do Estado Islâmico
 (Nicole Tung/AFP)

O repórter americano James Foley: vídeo chocante mostrou o jornalista sendo decapitado por militante do Estado Islâmico (Nicole Tung/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de agosto de 2014 às 17h19.

Londres/Bagadá - Um líder muçulmano da Grã-Bretanha pediu nesta quinta-feira a adoção de ações para lidar com a subcultura jihadista depois da revelação de um vídeo do Estado Islâmico mostrando um suposto britânico decapitando o jornalista norte-americano James Foley mantido refém na Síria.

Em Washington, o secretário de Justiça, Eric Holder, afirmou que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos abriu uma investigação criminal sobre a morte de Foley. O vídeo exibe um homem mascarado falando inglês com sotaque britânico.

Enquanto autoridades ocidentais tentam identificar o homem, o Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha repudiou o “assassinato abominável” de Foley, e um de seus conselheiros pediu para que qualquer um que saiba quem é o assassino para entrar em contato com a polícia.

O vídeo chocante circulou do Ocidente até Bagdá, onde os iraquianos perguntaram por que os EUA e seus aliados não reprimiram os combatentes do Estado Islâmico muito antes de o grupo capturar vastas porções da Síria e do Iraque.

Foley, de 40 anos, foi decapitado por um militante no vídeo que surgiu na Internet na terça-feira, e as autoridades de Washington revelaram que forças especiais dos EUA tentaram sem sucesso resgatá-lo, assim como outros reféns norte-americanos, no início do verão do hemisfério norte.

A troca de tiros entre as forças dos EUA e combatentes do Estado Islâmico durante a tentativa de resgate parece ter sido o primeiro conflito direto entre os dois lados.

Reação Muçulmana

O vídeo causou horror principalmente na Grã-Bretanha, lar de cerca de 2,7 milhões de muçulmanos, e as centenas de britânicos que lutam ao lado dos militantes na Síria e no Iraque já despertaram preocupações durante algum tempo.

O conselheiro do Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha, Iqbal Sacranie, disse que os britânicos das comunidades de todo o país têm que impedir que os jovens sejam seduzidos por ideologias radicais.

"Esta subcultura de 'jihadismo-bacana', como é chamado pelo mídia, à margem da sociedade.. este é o verdadeiro desafio", afirmou ele à rádio BBC.

"Este é um problema que afeta a todos nós, e só será abordada de maneira mais eficaz se todos nós trabalharmos juntos nisso."

Sacranie disse que a comunidade muçulmana está disseminando a mensagem de que “isso não tem nada a ver com o islamismo” e que as famílias estão procurando as autoridades quando descobrem que seus filhos foram ao Oriente Médio para lutar.

Ele ainda afirmou ao jornal londrino Evening Standard que qualquer um que reconheça o homem no vídeo tem o dever de alertar a polícia.

O jornal The Guardian disse que um ex-refém identificou o mascarado como líder de três britânicos que vigiam reféns estrangeiros na cidade de Raqqa, reduto do Estado Islâmico no leste sírio.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, descartou enviar tropas para reforçar o envolvimento militar do seu país no Iraque, até agora limitado à entrega de suprimentos a forças curdas que combatem os militantes e ao uso de caças para missões de vigilância.

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