Hosni Mubarak: "Ele quer votar", disse o advogado de Mubarak, Fareed El-Deeb, "é claro que será 'sim' pela Constituição", acrescentou (Egyptian TV/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 13h15.
Cairo - Hosni Mubarak, que governou o Egito com mão de ferro por 30 anos antes de ser deposto, pediu para votar em um referendo sobre a Constituição do país, disse o advogado do ex-presidente nesta terça-feira.
Mubarak, que está enfrentando um novo julgamento pelo seu papel na morte de manifestantes durante uma revolta em 2011 que o tirou do poder, foi libertado da prisão em agosto e está em um hospital militar do Cairo.
Os egípcios sequer sonhavam em votar em eleições justas durante a era Mubarak. Com exceção de um experimento com eleições um pouco mais abertas em 2005, as votações eram sempre descritas como uma vitória de 99 por cento para o ex-comandante da Força Aérea e seu partido.
"Ele quer votar", disse o advogado de Mubarak, Fareed El-Deeb, à Reuters por telefone. "É claro que será 'sim' pela Constituição", acrescentou.
Material da campanha favorável à Carta classificou a votação como a conclusão da revolução que derrubou Mubarak numa tentativa de engajar todos os campos que foram às ruas há três anos.
Na realidade, a Constituição fortaleceria instituições de Estado como as Forças Armadas, a polícia e o Judiciário, que mantiveram Mubarak no poder e erradicaram a influência de islamitas eleitos que o sucederam antes de serem depostos pelo Exército em julho.
Ainda não está claro se Mubarak terá o direito de votar. Um porta-voz do Comitê Supremo para Eleições disse que não recebeu o pedido do advogado de Mubarak.
Uma fonte judicial disse que não há obstáculos legais para que Mubarak vote, mas dadas as restrições de segurança no entorno do hospital onde ele está, a logística pode ser complicada.
O Exército, que depôs o presidente islamita Mohamed Mursi em julho após gigantescos protestos contra seu governo, prometeu um mapa do caminho político que se inicia com o referendo constitucional e levará para eleições livres e justas para a Presidência e o Parlamento.
A Irmandade Muçulmana, grupo de Mursi, acusa o governo apoiado pelo Exército de tentar voltar no tempo para a era Mubarak. O chefe do Exército, general Abdel Fattah al-Sisi, que derrubou Mursi, deve disputar a Presidência e é franco favorito para vencer. Ele dirigia o setor de inteligência das Forças Armadas no governo de Mubarak.