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Movimentos sociais se organizam para atuar na Rio+20

Na conferência da ONU, as ONGs querem “defender radicalmente os direitos humanos e todos os princípios e tratados que foram acordados desde 1992"

Representantes de entidades da Sociedade Civil: "o ideal seria que a Rio+20 estabelecesse uma série de indicadores, metas e decisões aos países ricos" (Divulgação)

Representantes de entidades da Sociedade Civil: "o ideal seria que a Rio+20 estabelecesse uma série de indicadores, metas e decisões aos países ricos" (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2012 às 08h02.

Rio de Janeiro - Os movimentos sociais que terão representantes na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), programada para junho próximo no Rio, estão se organizando para tentar atuar de forma mais coesa, disse à Agência Brasil Iara Pietrikovski, do Comitê Facilitador da Sociedade Civil na Rio+20. Ela faz parte também da coordenação da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais (Rede Brasil) e é codiretora do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Entre as organizações não governamentais que marcarão presença na conferência oficial da ONU e na Cúpula dos Povos, que ocorrerá paralelamente à Rio+20, no Aterro do Flamengo, Iara citou a Via Campesina, os Movimentos das Mulheres e dos Indígenas, a Rede Brasil, o Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais (ONGs) e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Fboms). “São vários segmentos que fazem parte da Cúpula (dos Povos) e que estão acompanhando o processo oficial”, disse a coordenadora.

Ela ressaltou que na conferência da ONU, as ONGs querem “defender radicalmente os direitos humanos e todos os princípios e tratados que foram acordados desde 1992. A gente quer uma mudança radical de paradigma”. Observou, entretanto, que cada grupo é autônomo para defender a sua posição política. “Nosso slogan básico é defesa da justiça social e ambiental, dos bens comuns e contra a mercantilização da vida. Mas cada um vai lutar de forma diferenciada”, reiterou.

Iara Pietrikovski participou, no fim da semana passada, de reunião sobre a Rio+20, em Nova Iorque. Ela manifestou decepção com o que viu e ouviu. “Os governos não estão assumindo a sua postura, não estão defendendo aquilo que eles próprios foram signatários no passado”. Segundo informou, o documento para a conferência oficial está com cerca de 200 páginas. “E não há negociação”.

Iara criticou os governos pela posição que vêm assumindo para a Rio+20. “É frágil, desconectada, pouco audaciosa. Não rresponde à expectativa, ao tamanho e à profundidade dos problemas que estão hoje colocados na agenda, nos três tripés: econômico, ambiental e social. Estamos, até o presente momento, muito frustrados”.

Para a representante do comitê, o ideal seria que a Rio+20 estabelecesse uma série de indicadores, metas e decisões relacionados aos países ricos. “Eles têm que ser os pagadores”. Alertou que isso deveria seguir o princípio de que o país que polui, paga, o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, o princípio da precaução. “São todos princípios que deveriam estar orientando. Isso significa que o ônus maior ficaria para os países ricos. Mas eles não querem ser onerados nessa dimensão. Então, estão bloqueando qualquer coisa”.

Ela advertiu que isso não significa que a posição dos países em desenvolvimento seja melhor que a das nações industrializadas. Na sua opinião, ninguém está querendo abrir mão do próprio processo. Segundo Iara, os países em desenvolvimento estão no que chamou de posição de resistência. “Porque eles querem ter o mesmo padrão, o mesmo modelo dos países ricos. Só que (é) um padrão insustentável”, concluiu.

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