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Moscou usa reconhecimento facial para espionar cidadãos nas ruas

A capital da Rússia está adicionando reconhecimento facial à sua rede de 170 mil câmeras numa iniciativa para identificar criminosos e aumentar a segurança

Desde 2012, as gravações do circuito fechado de televisão (CFTV) são mantidas por cinco dias depois de filmadas (Handout/Getty Images)

Desde 2012, as gravações do circuito fechado de televisão (CFTV) são mantidas por cinco dias depois de filmadas (Handout/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2017 às 09h29.

Moscou está adicionando tecnologia de reconhecimento facial à sua rede de 170.000 câmeras de vigilância espalhadas pela cidade em uma iniciativa para identificar criminosos e aumentar a segurança.

Desde 2012, as gravações do circuito fechado de televisão (CFTV) são mantidas por cinco dias depois de filmadas, com cerca de 20 milhões de horas de vídeo armazenadas a todo momento.

“Logo descobrimos que era impossível para os policiais, sozinhos, processar todo esse volume de informação”, disse Artem Ermolaev, chefe do departamento de tecnologia da informação de Moscou. “Precisávamos da inteligência artificial para nos ajudar a encontrar o que buscávamos.”

Moscou afirma que a rede de vigilância centralizada da cidade é a maior do mundo desse tipo. O Reino Unido é um dos países mais famosos por usar câmeras CFTV, mas os números exatos são difíceis de conseguir.

No entanto, um relatório de 2013 da Associação Britânica da Indústria de Segurança estimou que havia 70.000 câmeras operadas pelo governo em todo o país.

A tecnologia de reconhecimento facial de Moscou foi desenvolvida pela startup russa NTechLab. O sistema cruza uma impressão digital de imagens da base de dados do Ministério do Interior com aquelas de pessoas filmadas por câmeras em entradas de edifícios de apartamentos, disse Ermolaev.

Um teste do sistema, realizado durante dois meses no início do ano, resultou na prisão de seis criminosos de uma lista federal de “procurados”, disse ele.

A precisão da NTechLab foi reconhecida pelo Departamento de Comércio dos EUA e pela Universidade de Washington. A empresa com sede em Moscou lançou um aplicativo móvel chamado FindFace no ano passado que fez grande sucesso na Rússia.

Os consumidores tiravam fotos de estranhos em espaços públicos e a ferramenta identificava as pessoas presentes na imagem, combinando seus rostos a perfis da maior rede social da Rússia, a VKontakte, com um índice de precisão reportado de 70 por cento.

A tecnologia de reconhecimento facial vem infiltrando-se no mercado de consumo há vários anos, com cada vez mais precisão e aceitação pelos usuários. O sistema operacional Windows 10, da Microsoft, pode ser desbloqueado quando um usuário autorizado se senta diante da webcam de um computador, e a Samsung Electronics oferece uma tecnologia similar em seus smartphones.

Mais recentemente, a Apple anunciou que seu principal aparelho, o iPhone X, deixaria de ter um sensor de segurança com impressão digital e também adotaria reconhecimento facial.

Custo

Ermolaev disse que o governo de Moscou já gasta cerca de 5 bilhões de rublos (US$ 86 milhões) por ano para manter seu sistema de vigilância com vídeo.

A implementação do reconhecimento facial em todas as 170.000 câmeras teria triplicado esses custos, disse ele, por isso a tecnologia será aplicada seletivamente nos distritos nos quais atualmente é mais necessária.

Sistemas desse tipo são legais na Rússia, diz Mikhail Zyuzin, especialista em TI da Academia de Sistemas de Informação, com sede em Moscou.

Contudo, eles geram preocupação em relação à privacidade pessoal. “Se o sistema for pirateado por terceiros, estes poderiam ter acesso a informações sobre onde você mora, para onde você vai e quais trajetos você utiliza”, disse ele.

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