Aleppo: se a resolução tivesse sido aprovada, teria permitido "salvar vidas", disse o embaixador da França (Abdalrhman Ismail/Reuters)
AFP
Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 22h05.
Rússia e China apresentaram seu veto nesta segunda-feira a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, que exigia uma trégua de sete dias em Aleppo (norte da Síria).
A Venezuela também votou contra o texto apresentado por Espanha, Egito e Nova Zelândia. Angola se absteve.
Esta é a sexta vez que a Rússia bloqueia uma resolução do Conselho sobre a Síria desde o início do conflito, em março de 2011, e a quinta vez que e a China o faz.
A Rússia, aliada do regime de Bashar al Assad, havia informado ter discrepâncias sobre o texto negociado durante várias semanas. No último minuto, tentou adiar a votação até pelo menos a próxima terça-feira.
Mas depois de consultas, os promotores do texto apoiado por Estados Unidos, Reino Unido e França, decidiram seguir adiante.
O embaixador russo, Vitali Churkin, avaliou que o Conselho deveria ter esperado os resultados de uma reunião entre russos e americanos, prevista para a terça-feira, em Genebra.
Segundo Moscou, o objetivo das conversas é alcançar um plano para fazer sair todos os rebeldes do leste de Aleppo, a segunda cidade do país, assediada pelas forças do regime.
"Há acordo nos elementos de base" desta iniciativa, que foi rejeitada pelos grupos insurgentes de Aleppo, disse Churkin.
A embaixadora adjunta americana Michele Sison disse, ao contrário, que não há "avanços" nas discussões russo-americanas "porque a Rússia quer conservar suas conquistas militares".
"Não deixaremos a Rússia enganar o Conselho", acrescentou.
Se a resolução tivesse sido aprovada, teria permitido "salvar vidas", disse o embaixador da França, François Delattre.
O embaixador chinês, Liu Jieyi, afirmou que o Conselho "deveria ter continuado negociando" para chegar a um consenso e criticou "uma politização dos assuntos humanitários".
O projeto de resolução pede uma trégua de pelo menos sete dias em Aleppo, com opção de renová-la.
Também prevê que se permita "responder às necessidades humanitárias urgentes" e deixar entrar os serviços de socorro destinados a dezenas de milhares de moradores da parte rebelde sitiada.
A metrópole do norte da Síria, capital econômica do país, estava dividida desde 2012 entre os bairros do oeste, controlados pelo governo, e os do leste, nas mãos dos rebeldes.
O exército do presidente sírio, Bashar Al Assad, lançou uma grande ofensiva em 15 de novembro passado para retomar toda a cidade.
Desde seu início, em março de 2011, a guerra civil síria matou mais de 300.000 pessoas.