Uma fotografia tirada em 31 de outubro de 2024 mostra uma estrada destruída e campos inundados após inundações repentinas em Utiel, na região de Valência, no leste de Espanha. As equipes de resgate correram em 31 de outubro de 2024 para encontrar sobreviventes e vítimas de enchentes que ocorrem uma vez em uma geração na Espanha, que mataram pelo menos 150 pessoas e deixaram cidades submersas em um dilúvio lamacento com carros capotados espalhados pelas ruas. Cerca de 1.000 soldados juntaram-se à polícia e aos bombeiros na dura busca por corpos na região de Valência, enquanto a Espanha iniciava três dias de luto. A chuva de até um ano caiu em poucas horas na cidade de Valência, no leste, e na região circundante, em 29 de outubro, enviando torrentes de água e lama por vilas e cidades. (Wafaa ESSALHI /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 10h34.
Cerca de 500 militares espanhóis uniram-se nesta sexta-feira, 1º, aos 1.200 que tentam aliviar a situação da população de Valência após as enchentes mortais que já deixaram 205 mortos, dos quais 202 foram registrados na província de Valência. "Se for necessário, estarão presentes os 120 mil" militares, prometeu nesta sexta-feira a ministra da Defesa, Margarita Robles, em entrevista à televisão estatal TVE.
"Haverá todos os meios necessários, o tempo necessário", insistiu o Ministério da Defesa na rede social X ao anunciar o envio destes 500 novos militares, em um momento em que as autoridades da região de Valência parecem sobrecarregadas com a magnitude da desastre.
As fortes tempestades que atingiram a região na terça-feira, que despejaram em poucas horas uma quantidade de água equivalente à que cai em um ano, provocaram inundações que destruíram pontes, arrasaram casas e amontoaram centenas de veículos que dificultam o deslocamento dos serviços de emergência.
Muitos desses carros "estão vazios, mas outros, temos certeza, estão cheios", disse Amparo Fort, prefeito do município de Chiva, à rádio estatal RNE.
Esta cidade de 16.000 habitantes, 40 minutos a oeste da cidade de Valência, vive uma situação dramática, disse seu prefeito.
"Continuamos pedindo água, pedindo mantimentos", explicou entre lágrimas. "Devemos lembrar que há crianças, idosos e sanduíches" que não conseguem mastigar, "precisamos de comida triturada para bebês e idosos".
Aos problemas normais derivados da situação, somaram-se os saques, contra os quais o Governo prometeu firmeza e que já resultaram em 39 detenções.
"Eu estava no corredor do shopping e as pessoas entravam para pegar roupas, estavam saqueando...", Fernando Lozano, morador de Aldaia, cidade do interior de Valência, explicou à AFP na quinta-feira.
"As pessoas estão perturbadas até que isso se normalize e o supermercado abra, está tudo muito ruim...", argumentou.
A cidade de Valência, capital da região homônima e terceira cidade da Espanha, foi pouco afetada pela tragédia que atingiu seu entorno. Lá, foi instalado um grande necrotério no complexo que abriga os tribunais, para agilizar a identificação dos corpos.
Ambulâncias iam e vinham, observou um jornalista da AFP, enquanto agentes de jaleco entravam no prédio acompanhando macas cobertas com lençóis brancos.
A área foi isolada pela polícia e os jornalistas foram mantidos à distância, sendo permitida a entrada apenas aos familiares dos mortos, aos poucos.
Da mesma cidade, partiu nesta sexta-feira um exército solidário de centenas de vizinhos em direção às zonas afetadas, aproveitando o feriado de Todos os Santos para ajudar.
Carregavam pás, vassouras, ancinhos, carrinhos de comida, fraldas, água. Alguns atenderam ao chamado de amigos, outros apenas para ajudar no que pudessem diante de uma tragédia histórica.