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Mortes por coronavírus subiram 60% na última semana na África, diz OMS

Total de mortes chega a 879 enquanto os casos cresceram 51%, chegando a 16.879

Coronavírus no Quênia (Billy Mutai/Getty Images)

Coronavírus no Quênia (Billy Mutai/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de abril de 2020 às 16h42.

Última atualização em 16 de abril de 2020 às 16h46.

As mortes em decorrência do coronavírus avançaram 60% na África na última semana, informou nesta quinta-feira, 16, a Organização Mundial da Saúde (OMS). Agora o total de fatalidades chega a 879 enquanto os casos cresceram 51%, chegando a 16.879. A maioria dos casos está concentrada na África do Sul, Argélia e Egito, com mais de 7 mil. O maior número de mortes foi observado na Argélia (336), seguido por Egito (127) e Marrocos (127).

"As conseqüências humanitárias e econômicas dessa pandemia serão muito severas na África e precisamos de solidariedade global e de ação coletiva para mitigar os seus impactos", afirmou Matshidiso Moeti, diretora da Organização Mundial da Saúde para a África. A representante da OMS afirmou, no entanto, que há ainda 14 países com menos de 20 casos, o que é uma oportunidade para conter o avanço do vírus no início.

Moeti afirmou que países da África Subsaariana precisarão de US$ 300 milhões nos próximos seis meses para conter a pandemia e comentou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interromper o financiamento da entidade. "O impacto potencial desta decisão será bastante significativo em áreas como erradicação da poliomielite, bem como em programas prioritários que abordam doenças transmissíveis como HIV e malária. Espero que seja revista essa decisão. Os Estados Unidos são um parceiro estratégico e valorizamos muito essa relação", disse. A decisão americana foi condenada por governos aliados, rivais e pela comunidade científica.

Moeti afirmou que a disponibilidade de testes é um dos desafios da região, assim como a imposição do distanciamento social. "Mas quero enfatizar que as medidas de saúde pública precisam continuar. Precisamos chegar a todas as pessoas para elas entenderem os riscos e como proteger suas famílias", recomendou. A OMS está trabalhando com outras agências da Organização dsa Nações Unidas e organismos internacionais para distribuir alimentos e comida para comunidades mais afetadas.

De acordo com Simon Missiri, diretor da Federação das Sociedades da Cruz Vermelha para a África, a pandemia "não será vencida no mundo se não for vencida na África". Ele detalhou o cenário de fragilidade dos sistemas públicos de saúde, enalteceu as medidas de restrição de circulação e destacou a preocupação com as consequências econômicas e sociais. Ele afirmou que é preciso lutar contra a desinformação, uma outra doença desses tempos, assim como elogiou a capacidade de as comunidades africanas serem resilientes e terem desenvolvido ao longo formas de lidar com esse tipo de circunstância.

"Copiar e colar (ações de outros países) não vai funcionar. Temos campos de refugiados, estruturas muito pecualires de famílias, como isolar os idosos, por exemplo? Então, não há uma solução padrão, ela terá de ser adaptada a cada comunidade", afirmou Missiri.

Elsie Kanza, chefe do Fórum Econômico Mundial para a região da África, citou os impactos da pandemia para as populações rurais e os agricultores do continente de 1,3 bilhão de pessoas. Segundo ela, com o fechamento de escolas, restaurantes e escritórios, a distribuição e a demanda foram afetadas. "Mais que doar comida, precisamos dar as condições para as pessoas trabalharem e conseguirem dinheiro".

O setor do turismo e as pequenas e médias empresas também serão impactadas, com pressão de custos e possibilidade até mesmo de fechamento. Ela defendeu a criação de soluções inovadoras para agricultores, como a facilitação de crédito e de aquisição de insumos.

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