Reunimos as principais informações sobre o estado de saúde de Francisco antes da morte, os detalhes das cerimônias fúnebres e os próximos passos do Vaticano para a escolha de seu sucessor.
Papa Francisco: pontífice faleceu aos 88 anos (AFP/AFP Photo)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 21 de abril de 2025 às 10h59.
Última atualização em 21 de abril de 2025 às 15h31.
O Papa Francisco morreu na madrugada desta segunda-feira, 21, aos 88 anos. O falecimento do pontífice coloca a Igreja Católica em um período conhecido como Sé Vacante, de preparativos para as cerimônias funerárias e convocação do conclave para a escolha do novo líder do Vaticano.
O Vaticano informou que Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, morreu aos 88 anos às 2h35 pelo horário de Brasília, 7h35 pelo horário local.
O boletim médico divulgado às 15h na Sala de Imprensa do Vaticano informa que o líder da Igreja Católica sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) pela manhã. O boletim lista três causas:
A morte foi confirmada por meio de registro eletrocardiotanatográfico. O documento foi assinado pelo Prof. Andrea Arcangeli, Diretor da Direção de Saúde e Higiene do Estado da Cidade do Vaticano.
O boletim também menciona condições médicas pré-existentes, entre elas hipertensão arterial, Diabetes tipo II e quadros de insuficiência respiratória e Bronquiectasias múltiplas.
Após a partida do Papa, diversos ritos começam a ser realizados pela Igreja Católica. O apartamento do Papa é desocupado e lacrado com lacre de cera, até a escolha de seu sucessor. O Anel do Pescador — símbolo do poder papal recebido ao subir ao Trono de Pedro — é destruído, num sinal de que o reinado foi concluído. O camerlengo, cargo atualmente ocupado pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, também é o encarregado dessa função.
A última aparição pública do pontífice ocorreu horas antes de seu falecimento, durante a celebração de Páscoa no Vaticano.
Francisco permaneceu por cerca de 20 minutos na sacada da Basílica de São Pedro, acenou para fiéis e desejou “Boa Páscoa”. A participação do Papa argentino era incerta até as primeiras horas de domingo.
"Caros irmãos e irmãs, Boa Páscoa", disse Francisco, antes da leitura do discurso por seu mestre de cerimônias.
No texto, o papa reiterou temas centrais de seu pontificado: o desarmamento global, a crítica à repressão política e a defesa das liberdades fundamentais.
No último domingo, Francisco recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, em um breve encontro na Casa Santa Marta. A visita, marcada por cordialidade, ocorreu dois meses após críticas do Pontífice à política migratória do governo Trump. Francisco presenteou Vance com rosários, uma gravata com o brasão do Vaticano e ovos de chocolate para seus filhos.
Durante a visita, temas como a liberdade religiosa, a perseguição aos cristãos e a crise migratória global foram discutidos. Embora divergentes em temas políticos, o Papa e o vice americano reforçaram o compromisso com o diálogo inter-religioso e a dignidade humana.
Seu último gesto pastoral foi a visita a uma prisão em Roma, na Quinta-feira Santa, quando se encontrou com cerca de 70 detentos. Foi o único compromisso oficial mantido durante a Semana Santa, já que sua saúde o impediu de participar da tradicional Via Sacra no Coliseu e da Vigília Pascal.
As cerimônias fúnebres do Papa Francisco terão início nesta segunda-feira, 21, com uma série de ritos definidos pela Santa Sé. Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, e não na Basílica de São Pedro, como é tradicional para pontífices. A última vez que isso ocorreu foi em 1903, com o enterro do Papa Leão XIII.
Francisco mudou as tradições relacionadas ao funeral de um Papa. As mudanças foram publicadas em uma nova edição do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, o guia cerimonial dos rituais. As três “estações”, que são os passos da constatação da morte até o sepultamento do Pontífice, permaneceram inalteradas.
Primeiro, o corpo será preparado e velado em caixão aberto de madeira e zinco. Em seguida, haverá uma procissão entre a Capela de Santa Marta e a Basílica de São João de Latrão. Por fim, o sepultamento ocorrerá na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma
Com a morte do papa Francisco, a Igreja Católica entra em um período conhecido como Sé Vacante, de preparativos para as cerimônias funerárias e convocação do conclave para a escolha do novo líder do Vaticano.
Atualmente, 138 cardeais com menos de 80 anos podem participar da eleição, votar e serem eleitos. Desse total, sete são brasileiros.
O conclave é o processo reservado para a eleição de um novo papa, conduzido pelo Colégio de Cardeais da Igreja Católica. O termo deriva do latim cum clave, que significa "com chave" ou "fechado", que reflete o caráter sigiloso da assembleia. Durante o conclave, os cardeais reúnem-se na Capela Sistina, no Vaticano. Eles permanecem isolados do mundo exterior até que um novo pontífice seja escolhido.
Durante a eleição, os cardeais devem jurar, um a um, que respeitarão o sigilo do voto e aceitarão o resultado. Além disso, comprometem-se a garantir que o eleito reivindicará integralmente os direitos do Pontífice romano.
Caso os cardeais não elejam o novo Papa durante três dias de votações, estas serão suspensas durante um dia para uma pausa de oração, de livre colóquio entre os votantes e de uma breve exortação espiritual,
O sucessor de Francisco será eleito pelo Colégio Cardinalício, formado por cardeais de diferentes países. Ao todo, 138 cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto e também podem ser eleitos no conclave. Entre eles, estão sete cardeais brasileiros.
Segundo especialistas no Vaticano, 14 nomes estão como cotados para assumirem o posto de próximo Papa. Entre eles estão três italianos, três americanos e dois brasileiros.
Os sete cardeais brasileiros que podem participar do próximo conclave, dois têm chances maiores de serem eleitos, segundo os analistas do Vaticano. São eles Dom Sérgio da Rocha e Dom Leonardo Ulrich Steiner. Entenda quem são eles.
A morte do Papa Francisco deixa a Igreja Católica sem um líder oficial. Após sua partida, inicia-se o período conhecido como Sé Vacante, que termina quando um novo Pontífice é eleito pelo Colégio de Cardeais, o conclave.
A Sé Vacante deve durar no mínimo 15 dias e no máximo 20, em caso de necessidade. O prazo é estipulado para que os cardeais que vivem em diversas partes do mundo possam se deslocar a Roma para participar do conclave.
A Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis fica responsável pelas normas e orientações para este momento. A função fica a cargo também do Camerlengo, que tem papéis essenciais dentro da Igreja, como a organização do funeral do Pontífice e a condução do conclave.
Tradicionalmente, o Camerlengo assume a administração dos assuntos correntes do Vaticano em três situações: durante viagens ou internações papais, ou após a morte de um Pontífice. Paralelamente, os cardeais são convocados para as reuniões pré-conclave, que definem as datas e todos os detalhes do processo. Giovanni Battista Re, atual decano do Colegiado de Cardeais, preside as reuniões.
Veja a linha do tempo da internação de Francisco até o seu falecimento:
21 de abril – Papa Francisco falece às 7h35, na residência Santa Marta.
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