Uma flor é deixada em cima da palavra "Auschwitz", em memorial em Berlim: eles esperavam que Tremmel enfrentasse a justiça mesmo no fim da vida (Reuters/Thomas Peter)
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2016 às 14h00.
Jerusalém/Yad Hana - A morte de um ex-guarda de Auschwitz dias antes de seu julgamento na Alemanha frustrou as esperanças de dois judeus idosos que sobreviveram ao regime nazista e buscavam justiça para seus pais, que morreram quando o segurança atuava no campo de extermínio.
Israel Loewenstein, sobrevivente do Holocausto e hoje com 91 anos, e Henry Foner, um químico de 83 anos, conversaram com a Reuters em suas casas em Israel um dia antes de a notícia da morte de Ernst Tremmel, o ex-guarda, vir à tona.
Eles esperavam que Tremmel enfrentasse a justiça mesmo no fim da vida.
"Mas, por outro lado, nem sabemos se ele teria dito a verdade sobre Auschwitz – muitos dos acusados não dizem, afinal", disse Loewenstein à Reuters nesta sexta-feira, depois de saber da morte de Tremmel.
Os tribunais alemães estão julgando dois outros casos relativos a Auschwitz. Os julgamentos de Hubert Zafke, um ex-paramédico de 95 anos de Auschwitz, e de Reinhold Hanning, ex-guarda de 94 anos, já começaram.
Até agora ambos mantiveram silêncio a respeito das acusações.
"É uma coisa boa que (a Alemanha) o esteja fazendo, mas por algum motivo não me comove", admitiu Foner, que foi retirado da Alemanha para a Grã-Bretanha com outras crianças judias em 1939 durante uma iniciativa judia, em sua residência de Jerusalém.
Ele tinha esperança de ver justiça no caso de Tremmel, mas disse: "Nunca pode haver um ponto final. Um ponto final para mim é sem sentido – você não pode recuperar o que foi tomado".
Tremmel foi membro da guarda nazista SS no campo de extermínio, situado na Polônia ocupada, de novembro de 1942 a junho de 1943. Seu julgamento deveria começar em 13 de abril, mas na quinta-feira o porta-voz da corte comunicou que ele faleceu aos 93 anos de idade.
Embora Tremmel não tenha se envolvido diretamente na matança coletiva em Auschwitz, promotores alemães disseram que ele auxiliou no assassinato de pelo menos 1.075 pessoas durante seu período de cerca de oito meses no campo.
Segundo eles, o guarda foi voluntário da SS e começou a trabalhar como segurança em Auschwitz aos 19 anos de idade.