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Morre Linda Brown, símbolo da luta contra a segregação racial nos EUA

Linda Brown fez parte dessas pessoas heroicas que lutaram corajosamente para acabar com a segregação racial nas escolas públicas, disse NAACP

Linda Brown: trabalhou na Brown Foundation para lutar contra a segregação racial (Library of Congress/AFP)

Linda Brown: trabalhou na Brown Foundation para lutar contra a segregação racial (Library of Congress/AFP)

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AFP

Publicado em 27 de março de 2018 às 10h31.

Última atualização em 27 de março de 2018 às 10h32.

Linda Brown, uma americana negra que, quando criança, motivou o julgamento que levou em 1954 à proibição da segregação racial nas escolas do país, faleceu aos 76 anos.

"Ela é um exemplo da maneira como estudantes comuns estiveram na linha de frente para transformar este país", escreveu na segunda-feira em um comunicado anunciando a sua morte Sherrilyn Ifill, da National Association for the Advancement of Colored People (NAACP).

"Linda Brown fez parte dessas jovens pessoas heroicas que, com sua família, lutaram corajosamente para acabar com o último símbolo da supremacia branca - a segregação racial nas escolas públicas", acrescenta a responsável desta organização fundada em 1909 para defender a causa dos negros.

"Não foi fácil para ela e nem para a sua família, mas seu sacrifício rompeu barreiras".

Linda Brown tornou-se professora e ensinava piano, além de trabalhar com sua irmã na Brown Foundation, fundada em 1988 para continuar a luta contra a segregação racial.

Sessenta e quatro anos após a decisão histórica da Suprema Corte dos Estados Unidos em 1954 proibindo a segregação escolar - intitulada "Brown v. Board of Education" (Brown contra a secretaria de educação de Topeka) -, o país segue marcado pela discriminação, o racismo e tensões raciais.

Em 1951 Oliver Brown, que vivia na cidade de Topeka, no Kansas, tentou inscrever sua filha de 9 anos em uma escola próxima de casa, reservada aos brancos.

A pequena Linda foi rejeitada por sua cor de pele e obrigada a frequentar uma escola para negros, muito mais distante.

Na época, a maioria dos estados do sul tinham a opção de separar os estudantes negros e brancos.

O pai de Linda Brown levou o caso à Justiça, numa queixa coletiva, contra esta lei do Kansas que autorizava as cidades com mais de 15.000 habitantes de estabelecer escolar separadas.

 Vitória emblemática

Este longo processo foi apoiado e liderado pela NAACP e concluído com uma de suas vitórias mais emblemáticas, tornando-se também um marco no movimento dos direitos civis: em 17 de maio de 1954, a Suprema Corte dos Estados Unidos julgou unanimemente que esta segregação escolar era contrária à Constituição.

Para Sherrilyn Ifill, esta foi a "decisão da Suprema Corte mais importante do século XX".

'Mas a decisão não acabou de forma instantânea ou indolor com as barreiras que dividiam nosso país", observou em 2014 o secretário de Justiça, Eric Holder.

Em 1957, o presidente Dwight Eisenhower teve que enviar o Exército à escola de ensino médio de Little Rock, no estado do Arkansas, para permitir que estudantes negros entrassem na escola.

Para combater a segregação que perdurava mesmo após a decisão da Justiça, foi estabelecida uma política de transporte de estudantes para escolas em outros bairros ("busing").

O governador de Kansas, Jeff Colyer, considerou no Twitter que "a vida de Linda Brown nos lembra que às vezes são as pessoas mais inesperadas que podem causar um impacto incrível e que, ao servir nossa comunidade, podemos realmente mudar o mundo".

"A decisão Brown fez da América um raio de esperança para o resto do mundo, nos ensinou que através da lei poderíamos acabar com um sistema de castas baseado na raça e opressivo", reagiu por sua vez a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).

"Hoje prestamos homenagem a Linda Brown e a todas as lutas que temos para vencer", acrescentou a organização.

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