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"Contador de Auschwitz" morre aos 96 anos

Ele admitiu "cumplicidade moral" nas mortes de Auschwitz, onde se encarregou de confiscar e administrar o dinheiro e os pertences de quem chegava

Oskar Gröning: ex-membro das SS que serviu no campo de extermínio de Auschwitz entre 1942 e 1944, foi declarado culpado de cumplicidade nessas mortes em 2015 (Tobias Schwarz/AFP)

Oskar Gröning: ex-membro das SS que serviu no campo de extermínio de Auschwitz entre 1942 e 1944, foi declarado culpado de cumplicidade nessas mortes em 2015 (Tobias Schwarz/AFP)

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EFE

Publicado em 12 de março de 2018 às 17h58.

Última atualização em 12 de março de 2018 às 18h00.

Berlim - Oskar Gröning, conhecido como "contador de Auschwitz" e condenado por cumplicidade no assassinato de 300 mil judeus durante o nazismo, morreu nesta segunda-feira aos 96 anos, informou a revista "Der Spiegel".

Gröning, ex-membro das SS, organização paramilitar ligada ao partido nazista, e que serviu no campo de extermínio de Auschwitz entre 1942 e 1944, foi declarado culpado de cumplicidade nessas mortes em 2015 e sentenciado a quatro anos de prisão.

Em dezembro do ano passado, o Tribunal Constitucional alemão ratificou a condenação da Audiência de Lüneburg e rejeitou o recurso apresentado pelo condenado contra sua entrada na prisão, alegando razões de idade e seu precário estado de saúde.

Em seguida, Gröning solicitou o indulto perante a Justiça da Baixa Saxônia, que lhe foi negado, e sua única opção para evitar a prisão era a decisão final do Executivo desse estado federado.

O processo contra Gröning durou quatro meses e fez parte da série de julgamentos tardios abertos nos últimos anos contra os crimes do nazismo.

O processado admitiu sua "cumplicidade moral" nas mortes de Auschwitz, o mais mortífero entre os campos de extermínio nazista, instalado na Polônia ocupada, onde se encarregou de confiscar e administrar o dinheiro e os pertences de quem chegava como deportado.

Gröning se disse arrependido e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas, além de lamentar não ter agido em consequência perante crimes dos quais, segundo disse, foi perfeitamente consciente.

A condenação a quatro anos de prisão superou o pedido da promotoria - que tinha solicitado três anos e meio -, enquanto a defesa pedia a total absolvição do acusado, que compareceu ao processo auxiliado por um andador.

Gröning tinha ingressado com 20 anos nas WAFFEN-SS, em 1941, e um ano depois começou a servir em Auschwitz. Segundo a sentença, com seu trabalho no campo contribuiu também para financiar o III Reich, já que encarregava-se de fazer transferências a Berlim.

A acusação se centrou em seu papel na chamada "Operação Hungria", de meados de 1944, quando chegaram a Auschwitz cerca de 450.000 judeus, dos quais 300.000 morreram assassinados.

O seu processo foi possível por causa do precedente marcado pelo caso do ucraniano John Demjanjuk, que em 2011 foi condenado a cinco anos de prisão por cumplicidade nas mortes do campo de extermínio de Sobibor, também na Polônia ocupada.

Diferente de Demjanjuk, que se manteve em silêncio durante todo o julgamento, Gröning fez amplas declarações sobre o dia a dia de Auschwitz e seu papel na burocratizada maquinaria de extermínio.

Gröning, que após a queda do nazismo passou por um campo de internamento britânico e depois voltou à vida civil como contador em uma fábrica de vidro, chegou a ser alvo de um processo em 1977, mas foi absolvido em 1988.

Seu julgamento em Lüneburg esteve marcado por frequentes interrupções por conta da saúde do processado, assim como tinha acontecido com Demjanjuk, que morreu meses depois de escutar sua sentença em um hospital de idosos.

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