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Morales pede que ONU descriminalize a coca na Bolívia

Segundo o presidente boliviano, a organização deveria reparar 'um erro histórico' descriminalizando a planta para usos tradicionais e medicinais

Mulheres colhem folhas de coca enquanto soldados retiram as plantas em La Asunta, 220 km ao norte de La Paz: segundo a ONU, são cultivados na Bolívia 31.000 hectares de coca (Aizar Raldes/AFP)

Mulheres colhem folhas de coca enquanto soldados retiram as plantas em La Asunta, 220 km ao norte de La Paz: segundo a ONU, são cultivados na Bolívia 31.000 hectares de coca (Aizar Raldes/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de março de 2012 às 09h51.

Viena - Com uma folha de coca na mão, o presidente da Bolívia, Evo Morales, defendeu nesta segunda-feira no plenário da Comissão de Entorpecentes da ONU, em Viena, a reparação de 'um erro histórico' para descriminalizar essa planta em seu país para usos tradicionais e medicinais.

'Peço a todas as instituições, a todos os países, que se repare um dano histórico', declarou Morales sobre a inclusão da folha de coca na lista de substâncias sob controle internacional na convenção antidrogas de 1961.

'Não há nenhum dado no mundo que prove que esta folha de coca tenha feito dano à saúde nem ao ser humano', ressaltou Morales em discurso de meia hora que acabou com aplausos de numerosas delegações.

Morales inclusive mostrou no plenário uma ampla gama de produtos fabricados com folha de coca, como geléia, chá, refrescos, e até mesmo um licor elaborado na Holanda.

'Os produtores da folha de coca não somos narcotraficantes, os consumidores não somos dependentes', comentou Morales, para explicar que se recuperou recentemente de uma dor no estômago graças ao chá de coca.

O líder boliviano também destacou em seu discurso os avanços realizados em seu mandato na luta contra o narcotráfico e o próprio compromisso dos cultivadores de folha de coca em racionalizar suas colheitas.

'Na Bolívia não haverá livre cultivo de coca, mas também não abriremos mão dela', frisou.

Também lamentou que os narcotraficantes tenham 'mais equipamentos e maior tecnologia que o Estado', o que dificulta a luta contra as drogas para um governo com poucos recursos.

Por isso, solicitou à comunidade internacional 'sua participação efetiva com radares, helicópteros, aviões tripulados e não tripulados para que o combate contra as drogas seja muito mais efetivo'.

A Bolívia decidiu em junho do ano passado retirar-se da Convenção Única sobre Entorpecentes da ONU, argumentando que esta veta a mastigação da folha de coca, já que classifica essa planta como entorpecente e a submete ao controle internacional.

No mesmo dia da entrada em vigor da medida, em 1º de janeiro deste ano, La Paz voltou a solicitar sua adesão à Convenção, mas com uma reserva sobre a proibição do uso da folha de coca na Bolívia para fins tradicionais.

Os 184 países que fazem parte da Convenção Única sobre Entorpecentes têm um ano de prazo, até janeiro de 2013, para decidir sobre a readmissão da Bolívia, que deve ser submetida à votação no Conselho Econômico e Social da ONU.

Se um terço das nações rejeitarem a reserva, o país andino não recuperará sua condição de membro da Convenção.

Com 31 mil hectares cultivados, a Bolívia é o terceiro produtor de folha de coca do mundo - atrás de Colômbia e Peru -, dos quais 12 mil são legais e estão destinadas a usos tradicionais. 

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