Indígenas amazônicos chegam a La Cumbre, durante marcha rumo a La Paz em protesto contra a construção de uma rodovia que dividirá reserva ecológica (Aizar Raldes/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de janeiro de 2012 às 08h26.
La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta segunda-feira aos movimentos indígenas que não causem entraves à execução dos projetos de governo no campo energético, principalmente petroleiros, que fomentam o desenvolvimento do país.
"Gostaríamos que os movimentos sociais não prejudicassem a instalação de novas empresas do Estado, que não prejudiquem a instalação de novas usinas hidroelétricas, geotérmicas, dutos para exportar não apenas gás, mas também a planta separadora de líquidos", afirmou o presidente, durante cerimônia de posse de seu novo gabinete.
Morales criticou a resistência de alguns movimentos indígenas a estes projetos, embora tenha admitido o direito das nações originárias a defender os recursos naturais de que dispõem em seus territórios.
Oito empreendimentos petroleiros estão detidos na Bolívia devido a protestos de grupos indígenas, que reivindicam indenizações de 78 milhões de dólares pelo uso de suas terras e o respeito ao mecanismo da consulta para autorizar as obras, no âmbito da Constituição boliviana e o Convênio 169 da OIT.
Nativos guaranis ocuparam, na semana passada, terrenos no sudeste do país, onde o governo pretende construir uma planta de gás liquefeito de US$ 157 milhões, exigindo uma indenização de US$ 37 milhões pelo uso dos solos.
Em outubro passado, indígenas da Amazônia fizeram uma marcha a La Paz em repúdio a uma estrada que devia atravessar uma enorme reserva natural e obrigaram o presidente a aprovar uma lei para vetar a via, embora o governo mantenha a ideia de executar a obra.
Os indígenas amazônicos e guaranis eram, até o ano passado, aliados políticos leais de Morales, que agora só conta com o apoio de sua etnia, aimara, e dos quechuas, os nativos mais numerosos do país.